A COLECÇÃO de Harold Pinter
Com Jorge Andrade, Manuel Wiborg , Nuno Melo e Teresa Sobral Cenário José Manuel Castanheira Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Encenação Artur Ramos Uma produção Artistas Unidos / Actores Produtores Associados / Centro Cultural de Belém
Estreia Centro Cultural de Belém, 29 de Agosto de 2002
O texto está publicado no volume TEATRO II de Harold Pinter (Ed. Relógio d´Água).
The Collection estreou em Londres a 18 de Junho de 1962 no Aldwych Theatre, numa produção da Royal Shakespeare Company, com o seguinte elenco Harry – Michael Hordern; James – Kenneth Haigh; Stella – Barbara Murray; Bill – John Ronane. Encenação de Peter Hall e Harold Pinter. Cenário de Paul Anstee e John Bury.
Dois quartos e dois pares ligados pelo desejo e pelas relações profissionais. No mundo da confecção. Um casal hetero e um homossexual. Há a sombra de uma ascensão social. Ou de uma luta. E percebemos que um dos membros deste quarteto ameaça a tranquilidade dos outros. Passou-se alguma coisa? O que foi que se passou? Terá Bill violado Stella? O que diz Stella? Como é que a história de um encontro sexual num elevador vai comprometer as relações? Quem fala verdade? O que é a verdade?
O preço da independência pode ser a solidão. É este um dos temas principais da peça, uma das mais incompreendidas do autor. Com efeito, para muitos é um texto sobre a impossível prova da verdade. De facto é uma peça sobre como manipulamos a verdade para nosso interesse, sobre a homossexualidade latente numa relação triangular, sobre o triunfal mistério da mulher.
Michael Billington
Como as outras peças de Pinter, A COLECÇÃO é de uma economia magistral. Nada que venha a mais, e cada pormenor é significativo. O sumo de fruta, as azeitonas e o gato de Stella contribuem para a criação não tanto de uma intriga como das personagens e de uma atmosfera, como enorme finura e sem qualquer explicação. Quase nada sabemos das circunstâncias ou das razões. Há uma interdependência emocional entre estas quatro personagens mas não há hipótese de desatar o novelo. O que Pinter nos indica tem de bastar e, por estranho que pareça, basta. Mesmo quando as personagens, de quem tão pouco sabemos, mentem. Onde Pinter brilha é ao elaborar uma convenção e um quadro para a intriga nos quais as perguntas sem resposta não nos impedem de olhar para o assunto.
Ronald Hayman