A INQUIETUDE de Valère Novarina Tradução e Encenação Francis Seleck Com Eduardo Breda Cenário Catarina Pé Curto Produção Cena Múltipla/Artistas Unidos Apoio Câmara Municipal de Almada M14
No Teatro da Politécnica de 20 a 30 de Julho de 2016
Então sentei-me e disse às pedras: A acção é maldita.
Valère Novarina, A Inquietude
Nesta peça autobiográfica, relato de uma vida frenética e estagnante, Novarina contesta logo à partida a possibilidade do drama. A necessidade de agir acaba em desastre. O homem “animal dotado de linguagem” fala às pedras, aos animais, a Deus (o público?). Falar é um drama e o drama está na linguagem. O enfurecimento do verbo toma o lugar da acção dramática, a palavra é ela própria uma acção e verdadeira matéria do homem. Do vazio inicial ao “nada” final, num tempo desfigurado, assistimos a um confronto entre a escrita e o palco, que o actor, “aventureiro interior, desequilibrista, acrobata e trespassador perfeito”, num discurso descontínuo leva aos ouvidores de teatro.
As palavras criadoras de Novarina transformam o real e com elas experimentamos desconhecidas e novas regiões de sentido, novas imagens, a alegria de estar no mundo.