A NOVA ORDEM MUNDIAL de Harold Pinter

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A NOVA ORDEM MUNDIAL de Harold Pinter
Tradução Paulo Eduardo Carvalho Com Paulo Moura Lopes, Pedro Marques e Hugo Samora Cenografia José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo
Uma produção Artistas Unidos

Estreia no Teatro Taborda a 24 de Junho de 2005, com leitura de GUERRA de Harold Pinter.

Os Artistas Unidos voltaram a trabalhar este texto em 2010, integrando-o no espectáculo COMEMORAÇÃO/A NOVA ORDEM MUNDIAL ante-estreado no Teatro Aveirense a 6 de Maio de 2010.

A NOVA ORDEM MUNDIAL de Harold Pinter Tradução de Paulo Eduardo Carvalho com Nelson Boggio, Rúben Gomes, João Delgado e Elmano Sancho Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo Assistência de encenação João Miguel Rodrigues e Alexandra Viveiros
Co-produção Artistas Unidos/ CCB

Ante-estreia no Teatro Aveirense a 6 de Maio de 2010

O texto está editado no Teatro II de Harold Pinter, Relógio d´Agua

Dois soldados, um homem vendado, uma tortura. Para ensinar a democracia. Um skecth de Harold Pinter seco, duro, elíptico: estamos onde? Na América Latina torturando um teólogo da libertação? Em Abu Ghraib?

Os discursos que ouvimos indicam-nos aquilo que nós não ouvimos. É uma evasão necessária, uma cortina de fumo violenta, enganosa e sofredora ou apenas escarnecedora daquilo que mantém o outro no seu lugar certo. Quando um silêncio verdadeiro se abate ficamos apenas com o eco e mais perto da nudez. Uma das maneiras de se olhar para o discurso é a de se dizer que ele é um estratagema constante para escondermos a nudez.
Harold Pinter

Finalizando a sua permanência no Teatro Taborda, os Artistas Unidos regressam a Harold Pinter e à sua intervenção política com a leitura dos poemas de GUERRA (edições Quasi) na tradução de Pedro Marques, Francisco Frazão e Jorge Silva Melo.

Chegando à cena teatral quase uma década depois da Segunda Guerra Mundial, Harold Pinter é um dos quatro mais famosos dramaturgos britânicos que mudaram a face do teatro convencional numa fase pós-Beckett, pós-angry young men, do mundo Britânico e mundial. Escrevendo ao mesmo tempo que Tom Stoppard, Peter Shaffer e David Hare, Pinter trouxe uma sensibilidade muito diferente ao teatro, que o distingue por ter tido uma contribuição única para o modo como o teatro é praticado. Se Stoppard agradava ao público com convenções que mudavam constantemente e um uso livre e agreste da linguagem, Shaffer trouxe uma saudável vibração naturalista ao teatro, e Hare nos mostrou uma nova politização do teatro, Pinter transformou a fundamental ferramenta do teatro: o próprio texto, e ainda mais do que o texto, a linguagem que até aí nunca tinha sido usada no teatro. Nas suas peças, a comunicação convencional entre as pessoas foi substituída pelo peso do não-dito e do terrível. (…) ‘A NOVA ORDEM MUNDIAL’ – uma “curta sátira sobre a Guerra do Golfo,” – é uma peça de dez minutos cujo título é tirado de uma das frases de George Bush. Retrata uma desnecessária tortura perpetrada por dois homens a um inocente. Numa pequena sala, dois guardas discutem o que devem fazer à vítima que permanece sentada em silêncio e de olhos vendados à sua frente. Enquanto os torturadores jogam jogos com a vítima vendada, eles aumentam a apreensão do prisioneiro em relação à sua possível tortura. No fim parece que o inocente ou foi levado à loucura ou então capitulou diante da autoridade. A nova ordem mundial reduziu todos os dissidentes ou a individualidade a uma conformidade cega. Tirando os protestos políticos, pode-se muito bem argumentar que todo o trabalho de Pinter é contra a monotonia, chatice e os rituais inanes a que os seres humanos normalmente reduzem as suas vidas, e pelo menos ao nível do indivíduo, isto tem não só importância política como revolucionária.
Mahmood Farooqui