A TRAGÉDIA DE CORIOLANO de William Shakespeare
Com António Capelo, António Durães, António Simão, Dinarte Branco, Hugo Torres, Ivo Alexandre, João Cardoso, João Paulo Costa, João Pedro Vaz, Jorge Pinto, Manuel Wiborg, Miguel Borges, Paulo Claro, Paulo Moura Lopes, Rute Pimenta, Sylvie Rocha e Teresa Roby Tradução Manuel Resende Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves assistida por Isabel Boavida Telas de Eduardo Batarda Luz Pedro Domingos Movimento João Fiadeiro Música José Eduardo Rocha Estagiário de cenografia Paulo Soares Estagiária de guarda-roupa Ana Luena Construções Luís Baptista Telões Vítor Carlos Rebocho Fotografia Susana Paiva e Henrique Delgado Produção Pedro Caldas Asssistentes de produção Ivone Costa e Helena Barros Encenação Jorge Silva Melo assistido por Manuel João Águas e João Meireles
Uma co-produção dos Artistas Unidos / Culturporto/ Ensemble.
Estreia Rivoli Teatro Municipal (Porto), 31 de Janeiro de 1998
O texto está publicado pelas Edições Afrontamento.
Coriolano será a mais política das peças de Shakespeare. O seu assunto é indubitavelmente a política. O seu centro a cena em que Volúmnia , ecoando Maquiavel, roga ao filho que adapte a sua estratégia militar ao combate político. Mas contrariamente ao cânon político (de Ésquilo a Bond) em que a marcha da História faz sentido e o combate se constrói do caos até à claridade, do matricídio à democracia, é impossível inventar por dentro deste texto de Shakespeare o lado pelo qual torce o autor.
[…]
É em Coriolano, cujo ritmo é inexorável, que Shakespeare marca o único silêncio do seu teatro: na cena da embaixada de Volúmnia, quando Caio Márcio lhe pega na mão, o tempo suspende o seu vôo para se calar por um instante. (E o Tempo irá mesmo entrar em cena para mudar o cenário e falar em verso naquela que há quem pense ter sido a sua peça seguinte ou talvez simultânea, o muito misterioso e tão lindo Conto do Inverno.)
[…]
Não receando ser simplistas, podemos dizer que em Coriolano se colocam as duas ou três perguntas políticas a que os tempos que se seguiram foram respondendo, de muitas formas, sem nunca até hoje as termos esgotado: quem queremos que nos represente, que queremos que seja representado, que governo aceitamos, que é o corpo político, de que organizações necessitamos, como defender-nos, como equilibrar os contrários, como viver em sociedade? Chamem-lhe consenso, diálogo, convergência ou concertação, a resposta que a actualidade tem dado é: pela unificação. Ora que teatro é possível numa sociedade que recalca o conflito?
Jorge Silva Melo
26 de Dezembro 1997
Todos os pressupostos de encenação, todo o resultado de uma cuidada leitura da peça são enunciados de forma clara no espectáculo, numa articulação perfeita entre a palavra, o movimento, a música, a luz, e o excelente trabalho de cenografia e figurinos.
João Carneiro
Expresso, Fevereiro 1998