Nasceu em 1959 em Brugse Poort, bairro operário de Gand, na Bélgica. O ambiente em que cresceu viria a influenciar grandemente a sua escrita: “Brugse Poort é para mim aquilo que Rimini foi para Fellini ou Little Italy para Scorcese: um lugar onde a “condition humaine” se torna visível.” O aspecto físico e musical é o mais claramente perceptível na linguagem de Sierens, é isso que determina tudo o resto. Trata-se de uma língua popular, crua, poética e enérgica. Inspira-se fortemente no dialecto de Brugse Poort, mas o autor não se serve dele para dar um colorido local ou para evocar um certo exotismo dos pobres. Longe disso. Emprega este dialecto porque resiste ao psicologismo, de que Sierens foge como da peste. Este idioma é perfeito para evocar imagens, representar acções e contar piadas. Mais (o que é também um trunfo para Sierens), torna-se desajeitado quando tem de servir para camuflar sentimentos ou quando se trata de proclamar grandes verdades. Sierens começou por encenar e só depois decidiu montar as suas próprias peças. Trabalhou para os grupos Sluipende Armoede (que fundou em 1981) e De Blauwe Mandaag (1992-94) e regressou a Gent para ser director artístico do Nieuwpoorttheater. Os seus textos surpreendem pela modernidade da construção, o ritmo das histórias e o movimento e velocidade da sua poesia. Não é por acaso que trabalhou intensamente com Alain Platel, coreógrafo flamengo. Uma colaboração que começou com Mãe e Filho (1995), passou por e culminou em Allemaal Indiaan. Actualmente, Arne Sierens dirige com Stef Ampe e Johann Dehollander o Das Theater. Em 2000 estreou Nem Todos os Marroquinos São Ladrões seguindo-se em 2003 Martino, Maria Eeuwigdurende Bijstand em 2004, Meiskes en jongens em colaboração com Alize Zandwijk em 2005, em 2006 apresentou a peça Trouwfeesten en processen enzovoorts, 2008 foi um ano em que Sierens trouxe duas novas peças à cena, a primeira resultou de uma cooperação com Chokri Bem Chika e intitula-se Broeders van liefde, enquanto a segunda se intitula Altijd prijs. A sua ultima peça até a data é Schöne Blumen de 2010.
Do autor nos Livrinhos de Teatro:
Conferência de Imprensa e Outras Aldrabices (nº Especial com o texto Sketch)
Noutros Editores:
O Meu Blackie e Outras Peças (contém ainda os textos O Baterista/ Os Irmãos Geboers/ Mouchette/ Nápoles (Campo das Letras).
Do autor nas Revistas Artistas Unidos:
O meu Blackie (Revista nº 3)
A bolsa de seda e a orelha da porca (Revista nº 5)
Carnaval dos três vinténs por Jorge Silva Melo (Revista nº 5)
Os Artistas Unidos revelaram Arne Sierens numa série de LEITURAS durante o Festival de Almada 2001 tendo depois estreado quatro dos seus textos.
Nos Artistas Unidos:
2001 – O MEU BLACKIE encenação de Cláudio da Silva (Espaço A Capital); O BATERISTA um trabalho de Isabel Muñoz Cardoso e Vítor Correia (Espaço A Capital); OS IRMÃOS GEBOERS encenação de Jorge Silva Melo (Espaço A Capital).
2002 – MOUCHETTE encenação de Pedro Carraca (Gent / Voz do Operário).
2005 – CONFERÊNCIA DE IMPRENSA E OUTRAS ALDRABICES de Harold Pinter, Antonio Tarantino, Arne Sierens, Antonio Onetti, Davide Enia, Duncan McLean, Enda Walsh, Finn Iunker, Irmãos Presniakov, Jon Fosse, José Maria Vieira Mendes, Jorge Silva Melo, Juan Mayorga, Letizia Russo, Marcos Barbosa, Miguel Castro Caldas, Spiro Scimone, uma canção de Boris Vian e outros ainda, encenação de Jorge Silva Melo (Teatro Nacional D. Maria II).