BECKETT- JOYCE
por Graça Lobo, Virgílio Castelo e Jorge Silva Melo Tradução Miguel Esteves Cardoso, José Maria Vieira Mendes, Jaime Salazar Sampaio, João Palma Ferreira, Aníbal Fernandes, Francisco Frazão Apoio Técnico Dominic Le Gué
Apoio à Produção Artistas Unidos Apoio Instituto Franco-Português
No Instituto Franco-Português a 16 de Junho de 2010
Graça Lobo, Virgílio Castelo e Jorge Silva Melo lêem excertos de Samuel Beckett e James Joyce num recital único no Instituto Franco-Português. As palavras inconfundíveis de dois dos maiores escritores do século XX através de cartas, excertos, do monólogo de Molly Bloom ao monólogo de Lucky, uma visita demorada a dois dos grandes mistérios da literatura.
Samuel Beckett é aquele poeta, novelista e dramaturgo ímpar que todos consideram como tal.
Ele escrevia para o teatro porque se apaixonou por actores. De facto, ele escreveu todas as suas peças para actores que ele admirava. Até mesmo em “À Espera de Godot”, cuja primeira encenação foi Roger Blin a criar, Beckett insistiu que fossem dois determinados actores a desempenharem os papéis de Wladimir e Estragon. E depois deste primeiro sucesso ,Beckett , quando escrevia uma peça , tinha os actores em mente. Assim foi com “Passadas” – (“Footfalls”) e com “Eu Não” (“Not I”), que Beckett escreveu para a actriz britânica Billie Whitelaw, com “Dias Felizes””Oh Ces Beaux Jours”,para Madeleine Renaulr, e assim por diante.
É um prazer interpretar Beckett, por ser ele tão interpretável e teatral. É um desafio difícil, e só quem dele muito gosta o consegue fazer com a clareza e limpidez que o seu teatro exige. E respeito.
Todos conhecemos “a árvore” de “À Espera de Godot”, os “chapéus de côco” da mesma peça. São um símbolo do teatro de Beckett. E quem não conhece “a boca” de “Eu Não”, não sabe o que perde…É uma boca apenas, iluminada, dentro de um palco, com uma única luz, e que durante 17 minutos não pára de falar. Beckett insiste que aquele texto todo tem de ser interpretado em 17 minutos.
As leituras que Os Artistas Unidos vão apresentar no dia 16 de Junho no Instituto Franco Português (abrindo o Festival do Silêncio) incluem algumas das obras primas de Samuel Beckett. Os intérpretes serão o Jorge Silva Melo, o Virgilio Castelo e eu.
O Virgílio lerá extractos da novela “O Primeiro Amor” e também o monólogo de “Lucky”, personagem de “À Espera de Godot” , e eu lerei “Embalada” (La Berceuse) e “Eu Não”.
Nesse dia, o “Bloomsday”, dia de Joyce, amigo e mestre de Beckett, o Jorge, o Virgílio e eu vamos também ler textos de James Joyce, pois Beckett não seria o mesmo Beckett sem a enorme influência de Joyce. Seria outro. Não este. E é deste que nós gostamos . E é este que nós queremos partilhar com as pessoas. Porque não conhecer o teatro de Beckett interpretado por actores é, na minha opinião, criminoso, de tal maneira ele fala de todos nós e para todos nós, com a compaixão que lhe é tão própria.
O que nós queremos é partilhar este amor.
Graça Lobo