CAFÉ de Spiro Scimone
Tradução Alessandra Balsamo e Jorge Silva Melo Com Américo Silva e Miguel Borges Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves, Rosa Gonçalves, José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Um trabalho de Américo Silva e Miguel Borges com a colaboração de Joana Bárcia.
Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro, 3 de Janeiro de 2002
O texto, juntamente com NUNZIO e A FESTA, está publicado nos LIVRINHOS DE TEATRO, Volume 1 dos Artistas Unidos
Os quatro dias cruciais da vida de dois homens banais. Escondidos nas traseiras de um cafézito, um deles sonha com a gestão do comércio, o outro anda metido com uns mafiosos. O dinheiro sujo de um deles poderia apoiar o sonho sujo do outro, mas as suas motivações são bem diferentes. Em comum têm a ignorância e uma total incapacidade de acção. Um jogo não previsível, rápido e impiedoso que oscila entre a crueldade de um Pinter, o cómico metafísico de um Beckette e a rudeza poética de um Fassbinder. Um escrita singular, poderosa, áspera e rústica.
“Para nós, o problema do teatro não é não se saber falar, é antes do mais, não saber ouvir. Se não sabes ouvir, não sabes falar”
Spiro Scimone
Numa Sicília dir-se-ia que inventada por Pinter, nascem os textos elementares e misteriosos de Spiro Scimone e por ele representados com Francesco Sframeli Deste teatro irresistívelmente cómico na sua rigorosa seriedade, nasce um grito de loucura. É um teatro baseado na observação objectiva do paradoxo quotidiano como muitos dos inesquecíveis gags do cinema mudo. Mas tudo misturado numa atmosfera de filme muito negro.
Franco Quadri
Spiro Scimone sabe perfeitamente como definir o íntimo. Com um gesto. Não aponta o coração mas une as mãos por cima da barriga como se aí estivesse uma energia secreta, ardente. “É aqui, diz no dialecto de Messina, la bucca dell´anima, a voz da alma”.
Jean-François Perrier Le Monde
“Américo Silva e Miguel Borges são os dois actores e criadores do espectáculo, notáveis na construção de personagens que, com poucas palavras, nenhuma capacidade de acção e um grau de instrução mais do que rudimentar nos transportam para univrsos cujo rigor e aparente simplicidade recobrem uma dimensão difícil de descrever, mas abismal como um texto de Beckett ou um quadro de Chirico”
João Carneiro, Expresso, 26 de Janeiro de 2002
“Uma pequena jóia. É no contraste absurdo entre a tragédia e o humor, entre a derrota e a esperança que está o génio de Scimone”
José Couto Nogueira, O Independente, 11 de Janeiro de 2002
As interpretações de Américo Silva e Miguel Borges são de molde a deixar-nos de olhos abertos e ouvidos atentos para não deixar escapar nada do que se passa no palco – nem uma palavra, nem um gesto.”
Ana Maria Ribeiro, Correio da Manhã. 3 de Janeiro de 2002