DIAS FELIZES de Samuel Beckett

Dias Felizes

DIAS FELIZES de Samuel Beckett
Tradução Jaime Salazar Sampaio Com Isabel Muñoz Cardoso, Américo Silva e Gonçalo Amorim Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira e José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Encenação Madalena Victorino assistida por Pedro Marques e com a colaboração de Andreia Bento, Ana Paula Rocha, Jorge Silva Melo e Pedro Carraca.

Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro 12 de Abril de 2001

O texto está publicado na Editorial Estampa “A sombrinha que me deste. naquele dia.(Pausa.). aquele dia. o lago. os nenúfares. (Olha em frente. Pausa.) Qual dia? (Pausa.) Quais nenúfares? (Longa pausa. Fecha os olhos. Campainha estridente. Abre logo os olhos. Pausa. Olha à direita.)”
Samuel Beckett, Dias Felizes

DIAS FELIZES: A estreia de HAPPY DAYS de Samuel Beckett ocorreu em Nova Iorque em 1961, numa encenação de Alan Schneider com Ruth White. OH! LES BEAUX JOURS estreou no Odéon em Paris, em 1963, numa encenação de Roger Blin, com Madeleine Renaud e Jean-Louis Barrault. Em Portugal, Glicínia Quartin estreou a presente tradução em 1968, na Casa da Comédia, ao lado de Ruy Furtado, numa encenação de Artur Ramos. Samuel Beckett dirigiu a actriz Peggy Ashcroft e posteriormente Billie Whitelaw em Londres. “Sempre tive a sensação de que em mim havia um ser assassinado. Assassinado antes de nascer. Eu tinha de reencontrar esse ser assassinado, voltar a dar-lhe vida.”
Samuel Beckett

“DIAS FELIZES é um maravilhoso poema de amor, o canto de uma mulher que ainda quer ouvir e ver o homem que ama.”
Madeleine Renaud

“Winnie afunda-se na terra; no primeiro acto está enterrada até ao peito e passa o tempo entre a campainha que marca o início e fim de cada dia, metendo conversa com o marido, recordando, contando histórias para si própria, remexendo no seu saco.”
David Pattie

“Winnie está dolorosamente consciente da sua situação física, mas não do seu absurdo. É essa inconsciência que faz a própria força de Winnie. Ela reconstrói-se com uma graça e tenacidade extraordinárias, tentando afastar o sentimento de incapacidade que cresce.”
Paul Lawley

No primeiro acto, Winnie está presa no ar, pela cintura, ladeada por areia e pelo vazio. Alguns objectos ao seu alcance, com os quais se vai distraindo, já que o tempo custa a passar quando se está preso na terra pela cintura. Willie, seu companheiro, arrasta-se sob os seus pés, lendo o jornal, ensimesmado. No segundo acto, a situação inverte-se. Winnie está deitada no chão coberta de areia até ao pescoço, Willie encontra-se, por sua vez, acima dela, ou seja, na plataforma onde Winnie estivera presa no início. (…) A encenação é arriscada, muitíssimo arriscada, mas de uma beleza fascinante. (…) Quanto aos actores, é difícil falar de mais alguém para além de Isabel Muñoz Cardoso. Naquele que será provavelmente o papel da sua vida, a actriz suplanta qualquer representação que até agora vimos dela.
JDR
Blitz, 10/04/2001