DOU BOLACHAS DE GATO AOS MEUS FILHOS de Pedro Proença

Dou Bolachas de Gato aos Meus Filhos

DOU BOLACHAS DE GATO AOS MEUS FILHOS de Pedro Proença
Teatro Taborda
6 de Novembro a 31 de Dezembro de 2003

LIBERDADE. DIFERENÇA. COMPLEXIDADE. São estas palavras as que me ocorreram para falar desta exposição, mais uma na minha vida. Não vou cair no cliché de dizer que ela é uma questão de vida ou morte. De maneira nenhuma. O que ela testemunha é uma disponibilidade, e sobretudo uma vontade de escutar o que se anda para aí a conversar. Pessoas que dão bolachas de gato aos filhos quando lhes nascem os dentes. E as crianças até gostam. Acidentes de percurso? Sei lá! O ciclo de exposições que mostrei recentemente por Lisboa oscilou entre o voluntariamente desconcertante (foi o caso do amontoado de coisas diferentes que estiveram no prémio EDP do ano passado), a acertada anamnese analítica (na exposição sobre/com o Guardi e outros amigos), e a “ilustração” pop-miniaturista (na sobejamente publicitada exposição sobre os Lusíadas). Já esta exposição vem no seguimento de “restauros” e meditações sobre um período do meu trabalho que irá ser exposto em “retrospectiva” na Casa de Serralves brevemente com outros artistas com os quais trabalhei . De certo modo este “revisionismo” já estava previsto desde essa data (84/85) em animada e homeostética teoria (“Credo que Teoriquices São Essas?). O que aconteceu é que acabei umas pinturas que tinha iniciado em 1995 que tentavam desenvolver um género de trabalho que praticava em… 85. Mas o curioso é que essas obras a que me refiro nunca foram expostas, nem me sobra no “espólio” nenhuma. Servem estas para tapar a lacuna? São a actualização possível? Ou uma desconcertante saudade? Francamente não sei… Como dizia o Picasso, deram-me as ganas. E achei que ficavam bem neste contexto, neste espaço. Porquê? Porque sobra nelas um certo entusiasmo, um querer ir para a frente, sem rodriguinhos ou esteticismos. São pinturas pouco acabadas. A papel. Dirá o interlocutor mais prudente: “é pá, não sei se uma coisa deste género se calhar não é lá muito bom para a carreira!” “Carreira? O que é que isso tem a ver com a arte? Que se lixem as carreiras!…”
PP