EDUARDO DI FILLIPO

É por muitos considerado o maior autor teatral italiano do século XX ao lado de Pirandello, que muito o admirava e com quem chegou a trabalhar. No início dos anos 70, resumiu assim a sua vida: “Nasci em Nápoles, a 24 de Maio de 1900, da união do maior actor-autor-director de companhia daquela altura, Eduardo Scarpetta, com Luisa De Filippo, costureira de teatro. Precisei de tempo para entender as circunstâncias do meu nascimento, porque, então, as crianças não tinham a frontalidade que hoje têm – e foi um grande choque descobrir, aos 11 anos, que era “filho de pai incógnito”. A curiosidade doentia dos que me rodeavam não me ajudou a encontrar um equilíbrio. Foi assim que, por um lado, me orgulhava do meu pai, em cuja companhia comecei a trabalhar com quatro anos apenas, primeiro como figurante e depois como actor, por outro, a infinda rede de intrigas e maledicência magoava-me profundamente. Sentia-me ostracizado, quando muito tolerado, por ser “diferente”. Mas há muito que percebi que o talento pode avançar de qualquer maneira e que ninguém o consegue parar – tanto mais quanto se for considerado “diferente” pela sociedade. Uma pessoa assim marcada quer mesmo ser “diferente”, as suas forças aumentam, o pensamento fervilha, o corpo não conhece a fadiga, o que é preciso é atingir a meta que nos impusemos. Isso não o sabia eu e a minha “diferença” pesava-me tanto, que acabei por abandonar a casa materna e a escola e pus-me a andar pelo mundo, sozinho, com pouquíssimo dinheiro, com o firme propósito de encontrar o meu caminho. Devo dizer: encontrar o meu caminho dentro dos caminhos que já me fixara, o teatro – que sempre foi tudo para mim.” De Filippo começou a escrever nos anos 20, e é de 1931, quando dirige uma companhia com os seus irmãos Peppino e Titina, o seu primeiro triunfo, Natale a Casa Cupielo. O seu prestígio vai aumentando no pós-guerra com peças como Nápoles Milionária (1945) e Filumena Marturano (1946) que foram representadas em todo o mundo, muitas delas tendo também sido adaptadas ao cinema por ele próprio e também por realizadores como Castellani, Camerini ou De Sica. Até 1973 escreveu mais de quarenta peças, que foram reunidas, em 1975, em vários volumes, pela editora Einaudi, com os títulos Cantata dei Giorni Dispari (3 volumes) e Cantata dei Giorni Pari (1 volume). Em 1981, professor da Universidade da Sapienza, em Roma, foi nomeado senador vitalício da República Italiana. Eduardo (como é conhecido em Itália) morreu em 1985.

Do autor nos Livrinhos de Teatro:
Filumena Marturano/ Estes Fantasmas!/ Sábado, Domingo e Segunda (nº 59)