ESPELHOS ROUBADOS de Xana

Espelhos Roubados

ESPELHOS ROUBADOS de Xana
Teatro Taborda 8 de Janeiro a 7 de Março de 2004

UMA CARCAÇA MULTICOLOR NO JORNAL
Rabisquei as fotos todas à minha frente.
Folheei as revistas e fiz bonecos sobre o mundo.
Foi há algum tempo, quando havia papel, e agora só tenho o computador.

UM JACARÉ AZUL AGITA A CAUDA LEVEMENTE
Podia tirar fotos a toda a hora, todos os dias, mas isso era como construir um muro à minha volta.

AGORA DE NEGRO, MEXIA AS MANDÍBULAS
As fotografias congelam os momentos, “mas quando espreitamos o resultado só encontramos as sombras”, podia ter dito Artaud se fosse fotógrafo.
“Criamos silhuetas misteriosas que têm vida própria e que nunca nos largam”, podia dizer a Lourdes de Castro.

UMA BICA COM TUBARÕES
Quando tiro a foto, conheço quase todas as caras… olhamo-nos?
Enquanto fotografo, quase sempre falamos, mas as palavras não fazem sentido.
Hoje percebo que eu como os outros queremos revelar, representar ou proteger.
Mas isso só se percebe depois, na imagem que fica.
Mas não quero roubar a alma a ninguém,
… a alma?

Quero o mundo, nem que seja só num pedaço de papel.
No espelho já não tenho retratos, mas portas para passear com Alice.
Xana
Inverno de 2003