FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO

Poetisa, dramaturga, ficcionista, ensaísta e tradutora. Fiama frequentou a secção de filologia germânica da Faculdade de Letras de Lisboa, e o seu nome costuma ser associado ao grupo de poetas de Poesia 61, movimento no âmbito do qual publicou Morfismos. Mas já antes publicara Em Cada Pedra Um Voo Imóvel (1957), que lhe valeu o Prémio Adolfo Casais Monteiro, e O Aquário (1959), dois títulos mais tarde expurgados da obra canónica. Ao lado de Gastão Cruz, com quem foi casada, foi uma das responsáveis pela Antologia de Poesia Universitária (1964). Nos últimos quarenta anos, colaboração sua encontra-se dispersa por inúmeras revistas literárias, como Seara NovaCadernos do Meio-DiaBrotériaVérticePlanoColóquio-LetrasHífenRelâmpagoPhala, etc. Escreveu peças de teatro – pela primeira, Os Chapéus de Chuva, 1961, recebeu o Prémio Revelação de Teatro – e traduziu, entre outras, obras de Brecht, Artaud e Novalis. Uma bem conseguida versão do Cântico dos Cânticos – a que chamou Cântico Maior, na esteira de Samuel Schwarz –, estribada no confronto dos textos bíblicos, foi recolhida no volume da sua obra poética completa. Personalidade hierática da vida literária portuguesa, a sua poesia caracteriza-se por uma dimensão cosmogónica que evoluiu do hermetismo inicial para um fluente registo descritivo, tal como em Cantos do Canto (1995), colectânea a um tempo enumerativa e de recorte analítico. Essa inflexão de escrita, muito nítida a partir da publicação de Obra Breve (1991), potenciou uma licenciosidade de timbre esotérico até então rasurada pela pirotecnia verbal e o omnipresente magistério da linguagem. Da sua produção ensaística, destaque-se O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos (1985), sobre a influência cabalística em diversos autores portugueses dos séculos XVI a XVIII. Traduzida em vários idiomas e representada na generalidade das antologias de poesia, Fiama recebeu nos últimos vinte anos os mais importantes prémios literários portugueses.

Nos Artistas Unidos:
2022 – POE OU O CORVO de Fiama Hasse Pais Brandão, direcção João Meireles (Antena 2 – Teatro Sem Fios).