FILOCTETES de Heiner Müller

Filoctetes

FILOCTETES de Heiner Müller
Tradução José Maria Vieira Mendes Com Américo Silva, João Meireles e José Airosa Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves, Rosa Gonçalves e José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo com a colaboração de Jorge Andrade e Pedro Carraca

Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro, 11 de Abril de 2002

A peça será brevemente publicada pelas Edições Cotovia, juntamente com outros textos de Müller.

Em 1961, depois de proibida a encenação de Die Umsiedlerin oder das Leben auf dem Lande em Berlim-Leste, Heiner Müller foi expulso da Associação dos Escritores.Em 1965, Der Bau recebe duras críticas e é abandonado o projecto de encenação. Como consequência das proibições e expulsões, o trabalho de Müller que se segue abandona o presente. No lugar da análise directa das estruturas da Alemanha Oriental, aparecem metáforas míticas e históricas. É por esta altura que trabalha sobre temas da antiguidade grega (Homero, Ésquilo e Sófocles), que traduz Shakespeare, Molière, Tchekov, Pogodin e Césaire e que escreve libretos para Paul Dessau. Desta fase são Filoctetes (1958/64), Hércules (1964), Édipo Tirano (1966) e Os Horácios (1968).

filoctetes_bFiloctetes é escrita entre 1958 e 1964 e publicada em 1965 na revista Sinn und Form. Mas não encenada. Só em 1968, depois de ter sido de novo publicada na Alemanha Ocidental, estreia em Munique uma produção de Filoctetes, revelando-se uma das peças de Müller que mais sucesso obteve. Foi a sua primeira peça a ser representada no Ocidente, no Théâtre de Gennevilliers, numa encenação de Bernard Sobel e uma das primeiras a ser feitas em Portugal, mais precisamente no Teatro da Rainha, em 1986 com tradução de José Peixoto, Adélia Silva Melo, Ana Maria Carvalho e Harry Lemmens, encenação de José Peixoto e interpretação de José Eduardo, Fernando Mora Ramos e Victor Santos. Também foi produzida pelo Ninho de Víboras numa encenação de Karas (Almada e Teatro Taborda)

“Filoctetes era para mim um assunto já muito antigo quando nele comecei a trabalhar. Li a peça de Sófocles em Sachsen, em finais dos anos 40. Desde essa altura que me ocupava. As experiências que tinha vivido há bem pouco tempo tornaram o material actual, de uma maneira muito diferente. Antes tinha pensado num seguimento diferente, num final diferente. Escrevi um poema Filoctetes,por volta de 1950, uma versão estalinista da história (…). Mais tarde, em 1953, havia já uma cena de uma peça com esse tema, e mais tarde ainda, depois de 1961, acabei de escrever tudo e acabou por ficar uma coisa completamente diferente daquela que tinha pensado.”
Heiner Müller

“O decurso da história só é inevitável quando o sistema não é posto em causa. A comicidade na representação provoca a discussão dos seus pressupostos. Só o palhaço põe em causa o circo. Filoctetes, Ulisses, Neoptólomo: três palhaços e gladiadores da sua visão do mundo.”
Heiner Müller

“Uma limpidez que, inteligentemente, deixa lugar não só à complexidade da peça, como ao trabalho de reflexão que o espectador é convidado a fazer. Exemplar trabalho de cenografia de Rita Lopes Alves e José Manuel Reis.”
João Carneiro, Expresso