FOI ASSIM de Jon Fosse Tradução Pedro Porto Fernandes Com José Raposo Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Ponto Sara Barradas / Lídia Muñoz Assistente de encenação Pedro Cruzeiro Encenação António Simão M12
No Teatro da Politécnica de 14 de Março a 15 de Abril
3ª a 5ª às 19h00 | 6ª às 21h00 | Sáb. às 16h00 e às 21h00
… se é que tenho alguma esperança / sim / em mim é que não tenho / esperança nenhuma / isso é certo
Jon Fosse, Foi Assim
Foi Assim é um solo. Um homem no fim da sua vida, um artista, um pintor, faz um balanço da sua existência, dos seus afectos, da sua condição. Um exercício individualista ao estilo Fosse, de escrita rarefeita e com muitas repetições, um ruminar de sentidos e de emoções.
Jon Fosse foi o autor do primeiro espectáculo que apresentámos no espaço A Capital, em 2000: Vai Vir Alguém. Com a vinda do autor a Lisboa, através da realização de conversas e leituras e de uma continuada apresentação do seu trabalho, estabelecemos uma relação próxima com a sua obra.
Uma das frases que mais me marcou, das primeiras vezes que falou da sua escrita, foi ter referido que tinha sido cantor de uma banda de punk-rock e que escrevia como um baixista, “como se as palavras fossem as notas graves e quentes de um baixo.” Esta confissão veio a comprovar-se na musicalidade da sua escrita; das repetições, dos parágrafos, das pausas e da meticulosa estrutura. Como se tornasse o trabalho de repetição do texto por parte do actor em escrita dramática, sabendo que cada vez que um actor repete a mesma frase, vai revelando a multiplicidade de sentidos, tonalidades, nuances e um mais profundo sentido poético. Jon Fosse cria as suas personagens, leves e violentas, com uma escrita rarefeita, despojada, musical, que vai revelando ecos e resquícios – porque é predominante o passado -, onde o silêncio domina.
António Simão