ISTO NÃO É UM CONCURSO

Três Peças Inéditas

TRÊS PEÇAS INÉDITAS
De Ana Mendes, Inês Leitão e Luís Mestre Com António Filipe, Cândido Ferreira, Custódia Gallego, João Delgado, Luís Godinho, Rosa Villa Sofia Correia Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Direcção dos espectáculos António Simão, João Meireles e João Miguel Rodrigues Direcção de produção António Filipe e Luís Godinho Coordenação Jorge Silva Melo e Andreia Bento

No Instituto Franco-Português de 4 a 18 de Julho de 2008

NUMA CERTA NOITE de Luís Mestre – 4, 5, 6 e 7 de Julho de 2008
O LAGO de Ana Mendes – 9, 10, 11 e 12 de Julho de 2008
A ÚLTIMA HISTÓRIA DE WERTHER de Inês Leitão – 15, 16, 17 e 18 de Julho de 2008

ARTISTAS UNIDOS NO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUÊS
Os Artistas Unidos prolongam a sua residência no Instituto Franco-Português onde, o ano passado, realizaram um ciclo Jean-Luc Lagarce. Este ano, em Julho, e sempre no âmbito do Festival de Almada (entre 4 e 18), abrem-se a uma nova iniciativa. A que chamámos Isto Não é Um Concurso.

Serão estreadas três peças inéditas de autores nunca representados. Que foram escolhidas entre a centena de textos que nos foi senda enviada até 31 de Dezembro e foram lidos por uma comissão informal composta por Andreia Bento (AU), António Durães (actor, encenador), Jorge Silva Melo (AU) e Miguel Lobo Antunes (programador).
As peças enviadas respondiam a um apelo lançado em Julho de 2007 e que foi:

ISTO NÃO É UM CONCURSO
isto_nao_e_concurso_bNão, não é um concurso, é só uma hipótese. Não, não queremos concorrência, nem competitividade, nem empurrões uns aos outros. Queremos peças de teatro que possamos fazer. De pessoas que conhecemos ou que não conhecemos. Pode ser que não sejam boas, nem extraordinárias, pode ser que sejam más, até – queremos três peças. Que tenham voz própria. Que sejam únicas. Frágeis, fortes, conseguidas, por acabar, por resolver, com interesse para nós. E para estrear em Julho de 2008. Não é para fazer leituras, forma barata de se dizer que se faz qualquer coisa, não: é mesmo para estrear, com cenário, actores, pano de boca até se for preciso. Escolheremos três. O que não quer dizer que seja um concurso. Até pode acontecer que não possamos fazer, por razões de elenco ou de cenografia, aquelas que mais nos interessariam para o nosso repertório. Mas faremos três peças de autores nunca representados. E esperamos que no-las enviem. A partir de agora, por email ou pelo correio. Até fim de Dezembro de 2007. Não é preciso pseudónimo, nem envelope lacrado, isto não é um concurso. Entraremos em contacto convosco até meados de Fevereiro de 2008. E começaremos a ensaiar três peças em Abril. Para estrear a partir de 4 de Julho. No Instituto Franco-Português. E depois veremos. Se as prolongamos, se as fazemos em digressão, logo se verá.
Serão as que acharmos que podemos fazer bem, as mais perto de nós. Porque isto não é um concurso, é só uma hipótese.

isto_nao_e_concurso_cForam escolhidos três textos: NUMA CERTA NOITE de Luís Mestre (estreia a 4 de Julho), O LAGO de Ana Mendes (estreia a 9 de Julho) e A ÚLTIMA HISTÓRIA DE WERTHER de Inês Leitão (estreia a 15 de Julho). Haverá, no Festival, 4 representações de cada um dos projectos, podendo, no entanto, estas peças (ou alguma delas) entrar no repertório dos AU, e vir a ser apresentadas mais tarde

Durante o mês de Março, os textos foram sendo discutidos num seminário a realizar com os escritores Jacinto Lucas Pires, José Maria Vieira Mendes e Miguel Castro Caldas e entrarão em ensaios em Abril com a coordenação geral de Andreia Bento e Jorge Silva Melo e direcção de António Simão, João Meireles e João Miguel Rodrigues.

NUMA CERTA NOITE de Luís Mestre
Numa certa noite, o Pai chega para jantar e para ficar, definitivamente. E com ele, a lei do mais forte, a castração. Com o passar dos dias, o Filho e a Mulher vêem as suas vidas a desmoronar.

PAI Aquela escumalha com quem andaste quando eras puto… Aqueles filhos-da-puta… Aquilo não era gente para ti. Espelhos retrovisores, auto-rádios, jantes, até tampões de gasolina… Valha-me Deus. Tampões de gasolina… Davam-te dinheiro por aquelas merdas? Inacreditável, hoje em dia. Compra-se de tudo…

(…)

MULHER Já não consigo fazer amor contigo. Não com ele ali. Do outro lado da parede. Parece que oiço a respiração dele enquanto estamos… enquanto estás em cima de mim. Sobre a tua.

O LAGO de Ana Mendes
Um homem e uma mulher às voltas numa cama, uma relação que não funciona. Com o tempo, instala-se o jogo – o marido, a mulher e o amante dela. Eles transformam-se em personagens da própria relação e vivem diferentes papéis. Mas, um dia decidem mudar.

MULHER E o que viste?
HOMEM Dormias na tua cama e o teu amante também.
MULHER E o que fizeste tu?
HOMEM Deitei-me e dormi também. (pausa) Dormi aos vossos pés no tapete.
MULHER E depois?

A ÚLTIMA HISTÓRIA DE WERTHER de Inês Leitão
Werther foge do mundo da morte para vir contar a espectadores três séculos mais evoluídos- mais esclarecidos, mas não menos preconceituosos – uma história de amor proibido entre Marie e Alberto; são mãe e filho que se envolvem. Werther defende o casal de perseguições sociais e mostra-nos a possibilidade da felicidade.

Ser si e ser o outro, ser carne da mesma carne que se ama dentro dum corpo que é o mesmo. O incesto hoje. Perdoar por ser Amor.

Neste enredo vivem ainda outras três personagens: Marta (a irmã alucinada de Alberto e filha de Afonso), o namorado (amado, explorado e amaldiçoado dentro duma relação profundamente sexual) e Afonso (pai de Alberto e Marta, marido de Marie, falecido num acidente de viação). A peça conta com um melting pot de emoções: sexo, amor, prazer,
sofrimento, renúncia, laços familiares, ligações emocionais excessivas, maquinações humanas. O amor como ele nunca foi pensado.