JORGE SILVA MELO – 365 dias depois

Prometeu Agrilhoado 10_fotografia da Susana Paiva

JORGE SILVA MELO – 365 dias depois
Andreia Bento, António Simão, Daniel Martinho, Elsa Galvão, Hugo Samora, Inês Pereira, Isabel Muñoz Cardoso, Ivo Canelas, Joana Bárcia, João Meireles, João Pedro Mamede, João Saboga, Lia Gama, Manuel Wiborg, Miguel Borges, Nuno Gonçalo Rodrigues, Pedro Lacerda, Sylvie Rocha
lêem excertos de
ANTÓNIO, UM RAPAZ DE LISBOA, O FIM OU TENDE MISERICÓRDIA DE NÓS, PROMETEU AGRILHOADO/LIBERTADO,O NAVIO DOS NEGROS, FALA DA CRIADA DOS NOAILLES QUE NO FIM DE CONTAS VAMOS DESCOBRIR CHAMAR-SE TAMBÉM SÉVERINE NUMA NOITE DO INVERNO 1975 EM HYÈRES de Jorge Silva Melo
E, ainda, CONFERÊNCIA DE IMPRENSA E OUTRAS ALDRABICES de Harold Pinter e Spiro Scimone e ESTA NOITE IMPROVISA-SE de Luigi Pirandello

No Teatro da Politécnica a 14 de Março de 2023

A entrada é livre. Os bilhetes podem ser levantados no próprio dia, na bilheteira, a partir das 17h00.

“O teatro não é imitação da vida, não é a gente entrar aqui muito natural de jeans e não sei quê a fingir que está na tasca da esquina a beber uma imperial… há qualquer coisa de sagrado nisto… de pecado e de sagrado.”
Jorge Silva Melo, Prometeu Agrilhoado/Libertado

Foram tantos os autores, autoras, tradutores, tradutoras, foram mais de quatrocentas peças editadas,  mais de cento e cinquenta espectáculos, foram exposições, filmes sobre artistas, peças gravadas na rádio, leituras encenadas, seminários, foram textos em publicações, nos prefácios, na imprensa. Foi descobrir novas gerações de actores, actrizes, autores e autoras, foi um pezinho nas artes plásticas, no teatro radiofónico, televisivo. Foi tanta coisa! Foi controvérsia, foi combatividade, foi génio, inconformismo, não cedência, teimosia e foi tanta generosidade, foi tanto saber acumulado e foi também tanta a alegria. Foi estarmos uns com os outros. Uns com os outros olhos nos olhos, dizendo palavras noite dentro.

E cá estamos. Unidos. Cá estamos preocupados, cá estamos decididos, cá estamos a fazer teatro, a ler, a preencher formulários e papéis, a ensaiar, a representar, a encenar, a editar, mas sobretudo… cá estamos juntos. E “a vida continua” como dizia o Jorge, que nesse gesto fundador a que deu o nome de Artistas Unidos abriu espaço e tempo para que uns com os outros pudéssemos continuar.
Artistas Unidos

Jorge Silva Melo (1948-2022) foi actor, encenador, dramaturgo, realizador de cinema, escritor, guionista, tradutor, cronista, crítico e director da companhia de teatro Artistas Unidos.
Natural de Lisboa, Silva Melo passou a infância e o início da adolescência em Angola, onde os seus pais estavam radicados. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, a partir de 1969, a London Film School. Fez teatro em Berlim, Paris e Milão.
Antes de partir para Inglaterra foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras. Mais tarde fundou com Luís Miguel Cintra o Teatro da Cornucópia (1973), onde permaneceu até 1979. Como bolseiro da Gulbenkian estagiou em Berlim com Peter Stein na Schaubühne e em Milão com Giorgio Strehler no Piccolo di Milano. Trabalhou em França como actor com encenadores como Jean Jourdheuil e Jean François Peyret.
Como realizador de cinema integrou a cooperativa Grupo Zero (1975-79), tendo realizado mais de uma dúzia de filmes, entre eles o mítico «António, Um Rapaz de Lisboa» (2000). Como actor de cinema trabalhou com Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, João César Monteiro, Alberto Seixas Santos, Joaquim Pinto, Manuel Mozos e outros. Da sua filmografia constam filmes sobre diversos artistas plásticos: António Palolo, Nikias Skapinakis, Álvaro Lapa, Sofia Areal, Joaquim Bravo, Ângelo de Sousa e Fernando Lemos.
Em 1995 fundou a produtora Artistas Unidos onde dirigiu e produziu quase três centenas de espectáculos, organizou exposições e editou a colecção Livrinhos de Teatro e a revista Artistas Unidos, promoveu conversas e seminários com autores e alunos. Traduziu, entre outros autores, Pasolini, Goldoni, Pirandello, Brecht, Harold Pinter, Georg Büchner, Heiner Müller. Deixa-nos três livros excepcionais: «Deixar a Vida» (2002), «O Século Passado» (2007) e «A Mesa Está Posta» (2019).
Transformou o teatro português com António, Um Rapaz de Lisboa (1995), O Fim ou Tende Misericórdia de Nós, Prometeu – Rascunhos (1997), ou Num País Onde Não Querem Defender os Meus Direitos, Eu Não Quero Viver (baseado em Kleist, 1999) que escreveu e dirigiu. Encenou grandes autores do século XX, como Luigi Pirandello, Bertold Brecht, Heiner Müller, Arthur Miller, Tennessee Williams e autores contemporâneos, apresentados em Portugal pela sua mão, como Enda Walsh, Jon Fosse, Dimítris Dimitriádis, Juan Mayorga, Davide Carnevali, Claudio Tolcachir, Antonio Tarantino, Spiro Scimone, entre tantos outros.
Trabalhou com centenas de actores e actrizes, artistas e pensadores portugueses, deixou a sua marca em toda a comunidade artística e teatral portuguesa que ajudou a construir.