MIKADO a partir de textos de Álvaro Lapa, Alberto Cinza e William Burroughs
Com João Meireles e Joaquim Horta Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Graffiti Rui Mendes Montagem vídeo Ruy Otero Música original Canal Caveira Selecção Musical Luís Elgris Estúdio de gravação André Pires Direcção técnica José Rui Silva Fotografia Jorge Gonçalves Produção Catarina Saraiva e Pedro Gardete Um projecto de João Meireles e Joaquim Horta
Estreia Antiga Fábrica Mundet do Seixal. (Seminário SEM DEUS NEM CHEFE 1), 3 de Outubro de 1998.
Teatro da Comuna, em Abril de 1999.
Álvaro Lapa. Há já um tempo que ando às voltas com este nome, com os livros, com os quadros, com as histórias, enfim com a vontade de fazer qualquer coisa com esta obra que fui conhecendo ao acaso. Peças soltas sem cronologia nem intenção. Discurso irónico mas certeiro, crítico e jocoso, por vezes poético até, mais sonhador, de resto desencantado, filosófico, pensamento veloz, mais rápido que as palavras, raciocínio denso, alucinante. Desafio. Este espectáculo é como uma (a)mostra, uma selecção de textos que percorre diferentes universos (político, doméstico, social e pessoal) num mosaico de ideias e reflexões que afasta qualquer principio de continuidade mas que convida como numa exposição a visitar este ou aquele assunto, voltar atrás, saltar dois e dedicar mais tempo a um pormenor. Arbitrariamente. Um espectáculo de música também, pois é ela que conduz, constante este passeio através de fragmentos, de partes e que ligando cria um todo. 60 minutos. Um actor, DJ, locutor, entertainer opera a régie como maestro ou cicerone e emite palavras, sons, imagens soltas (à solta) para o que der e vier, para quem as apanhar. Um homem que se dá em espectáculo sem nunca lá estar, no que transmite. Um homem invisível.
João Meireles
Só pela coragem de propor uma abordagem diferente do teatro, já valeu a pena criar este formato de espectáculo. Estranho e ousado, mas interessante.
Rita Bertrand
Semanário, Abril 1999