NOËL COWARD

Sir Noël Peirce Coward (1899 -1973), director, compositor, cantor, autor de mais de cinquenta peças, quadros de revista, centenas de canções, argumentos para filmes, contos, um romance, uma autobiografia, nasceu num subúrbio de Londres e estreou-se como actor profissional aos 11 anos. A sua carreira estendeu-se por seis décadas, sendo, nos anos 20 e 30, um dos autores mais representados no mundo anglosaxónico. Foi em 1924, com The Vortex, que obteve o seu primeiro grande sucesso – que começou por ser um sucesso de escândalo. A peça, estreada num pequeno teatro, passou rapidamente para os teatros do centro de Londres e foi apresentada na Broadway onde, durante décadas, se sucederam os seus trabalhos como actor ou autor. Desse mesmo ano é Hay Fever, a sua primeira grande peça, onde se afirma mestre de um estilo sofisticado, aparentemente superficial, cheio de malícia. Em 1925, quatro peças suas estavam em cena em simultâneo no West End de Londres. Em 1931, escreve e dirige Drury Lane a epopeia Cavalcade, com um elenco gigantesco, enormes meios técnicos e cenários faustosos. A versão cinematográfica (1933), dirigida por Frank Lloyd recebeu o Óscar de Melhor Filme. Imediatamente a seguir, estreia duas peças de pequeno elenco, por muitos consideradas as suas obras maiores. Private Lives (1930) e Design for Living (1932), triunfais em Londres e Nova Iorque, imediatamente adaptadas ao cinema (por Sydney Franklyn e por Ernst Lubitsch, respectivamente), apesar dos problemas de censura que enfrentou esta última na Grã –Bretanha. Continuou a escrever comédias sofisticadas (Conversation Piece para Yvonne Printemps em 1933), um ambicioso ciclo de dez peças em 1 acto Tonight at 8:30 (1936) para a sua grande parceira Gertrude Lawrence. Uma destas peças, Still Life, foi adaptada ao cinema por David Lean, em 1945, naquele que, durante décadas, foi considerado o melhor filme britânico, Brief Encounter. Com o deflagrar da II Guerra, Coward foi dirigir, em Paris, a Propaganda Britânica. E escreveu canções memoráveis de exortação patriótica como London Pride e Don’t Let’s Be Beastly to the Germans. Mas o mais célebre dos seus projectos durante o conflito mundial foi a parceria que fez com David Lean no drama sobre a Marinha (inspirado no seu amigo Lord Mountabaten) In Which We Serve (onde foi argumentista, actor, compositor e co-realizador). A associação com Lean irá prosseguir com o filme que este realizou em 1945 a partir da peça Blithe Spirit (de 1941). A seguir à II Guerra, Coward já não volta a encontrar o mesmo brilho, apesar do prestígio de produções como Nude with Violin (1956, com John Gielgud), Look After Lulu! (com Vivien Leigh a partir de Feydeau, 1959), ou das suas aclamadas actuações no Café de Paris e em Las Vegas.  O seu derradeiro êxito teatral foi Suite in Three Keys (1966), um canto de cisne cheio de amargura. Nessses anos aumentaram as suas participações em filmes como A Volta ao Mundo em 80 Dias (1956), O Nosso Agente em Havana de Carol Reed (1959), Desapareceu Bunny Lake! (1965) de Otto Preminger ou Boom! (1968) de Joseph Losey. Morreu na sua casa na Jamaica (para onde fora residir por motivos fiscais) em 1973. A partir de finais dos anos 60, assistiu-se a um renascimento de Coward a que ele, mordaz, chamou “a ressurreição do Papá”. Célebre ficou a produção de Blithe Spirit dirigida por Harold Pinter no National Theatre de Londres (1976), que marcou a definitiva entrada de Coward no Panteão dos grandes do teatro britânico, ao lado de Wilde, Congreve, Wycherley, Sheridan, Ratigan.

Do autor nos Livrinhos de Teatro:
Vidas Íntimas / Vida de Artistas (nº 73)
Vórtice / Espírito Alegre (nº 74)

Nos Artistas Unidos:
2019 –
VIDAS ÍNTIMAS de Noël Coward, encenação de Jorge Silva Melo (Teatro Municipal de Vila Real).
2022 VIDA DE ARTISTAS de Noël Coward, encenação de Jorge Silva Melo (SLTM).