NORUEGA-LISBOA-NORUEGA

Noruega-Lisboa-Noruega

NORUEGA-LISBOA-NORUEGA
por ocasião da visita oficial dos Reis da Noruega
CENAS SOLTAS
de Jesper Halle, José Maria Vieira Mendes, Arne Lygre e Miguel Castro Caldas, com música de Morten Halle. Com Andreia Bento, Elsa Galvão, Sylvie Rocha, João Meireles, António Filipe, Pedro Carraca, Cecília Henriques, Sérgio Conceição, António Simão, Pablo Malter, Ricardo Batista, Paulo Pinto Direcção Franzisca Aarflot (Det Åpne Teater).
Fundação Calouste Gulbenkian | Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, ás 16.30 no dia 27 de Maio de 2008

Lançamento do TEATRO II de Ibsen (Livros Cotovia) e de SOU O VENTO, SONO e O HOMEM DA GUITARRA de Jon Fosse, que estará presente (Livrinhos de Teatro Nº 33) – apresentação por Sua Majestade, A Rainha da Noruega. Leitura de excertos por Maria João Luis, Jorge Silva Melo, Manuel Wiborg e Pedro Lima. Piano por Anne Kaasa | Noite de tempestade no mar/, Opus 55, n.º 3, (de /Suite Peer Gynt II/) de Edvard Grieg.
No São Luiz Teatro Municipal, às 15.30 no dia 28 de Maio de 2008

IBSEN e FOSSE EM TRADUÇÃO, mesa-redonda com Luís Miguel Cintra (actor e encenador, director do Teatro da Cornucópia), Terje Merli (encenador), Berit Gulberg (agente literária), Solveig Nordlund (encenadora e introdutora de Fosse em Portugal) e Pedro Porto Fernandes (tradutor de Ibsen, Fosse, Lygre, Halle e outros) moderada por Jorge Silva Melo.
No São Luiz Teatro Municipal, às 16.30 no dia 28 de Maio de 2008

SOU O VENTO, tradução de Pedro Porto Fernandes, leitura por Manuel Wiborg e Pedro Lima.
No São Luiz Teatro Municipal, às 18.30 no dia 28 de Maio de 2008

lisboanoruegalisboa_c Foi no final de 1999 que descobrimos, surpreendidos, um jovem escritor norueguês. Jon Fosse. E a sua peça VAI VIR ALGUÉM foi a primeira estreia que fizemos n´A CAPITAL, mesmo no centro de Lisboa, edifício devoluto que nos foi cedido pela Câmara Municipal de Lisboa. Era um texto estranho, inesperado, admirável, uma pequena jóia. Dirigiu-o Solveig Nordlund. E Jon Fosse veio ter connosco. E ficámos amigos. Voltou depois, quando estreámos SONHO DE OUTONO, a sua belíssima sonata espectral. E continuámos a fazê-lo, sempre excitados pelo seu talento único, raro. Editámos as suas peças, produzimos várias, falámos com ele, persegue-nos. Até agora, para além daquelas, já fizemos A NOITE CANTA OS SEUS CANTOS, INVERNO e LILÁS. E lemos sempre o que faz, à espera de a ele voltar.
lisboanoruegalisboa_bJá há mais de cinco anos – e desgraçadamente – não estamos no maravilhoso edifício de A CAPITAL, aquilo está fechado, morto, andamos de um lado para o outro.
Mas um dia quisemos saber mais coisas do teatro que se faz na Noruega.
Uma dramaturgia de onde emerge Jon Fosse não pode ser só ele. E, a convite da Embaixada em Lisboa, partimos, uma primavera, para o Det Åpne Teater em Oslo, e encontramo-nos com a sua directora, Franzisca Aarflot.
Descobrimos amigos comuns, admirações partilhadas, sonhos, desejos, não nos largámos. Ela entregou-nos uma mão cheia de peças, traduzimos, publicámos textos de Jesper Halle, esse maravilhoso escritor que é Arne Lygre, a livre, leve, fresca Maria Tryti Vennerød, Niels Fredrik Dahl, convidámos a Franzisca para dirigir A MATA de Jesper Halle, maravilhoso espectáculo feito com alunos do Chapitô e onde o texto ganhou inflexões inesperadas. E descobrimos outro amigo, um tradutor, Pedro Porto Fernandes, português que há muitos anos vive em Oslo e que para nós traduz. E que está a traduzir Ibsen, de quem a Cotovia publica agora uma ampla selecção (em 4 tomos).
lisboanoruegalisboa_aMas Franzisca Aarflot não quer apenas trazer a sua literatura dramática até nós. Convidou o José Maria Vieira Mendes a escrever em homenagem a Ibsen. E traduziu peças dele, do Jacinto Lucas Pires, da Patrícia Portela. Apresentou esses textos no seu teatro, editou, volta a apresentar, trabalha connosco.
Veio, o ano passado, dirigir DISCO PIGS de Enda Walsh, que apresentou em Lisboa e em Oslo. Este ano, juntamos Jesper Halle e Miguel Castro Caldas na escrita conjunta de uma peça, BABEL, que, no Verão, será apresenta-da em Portugal, França e Noruega.
Já vários de nós conhecem bem o caminho do aeroporto até ao centro de Oslo e como se vai a pé da Estação até ao Teatro da Franzisca. Já a Franzisca chega a Lisboa e não é preciso ir buscá-la ao aeroporto, estamos em casa aqui e ali, continuamos a conversa.
Assim é que deveria ser.
Eu, por mim, jamais esquecerei que, para receber Jon Fosse no edifício de A Capital, em 2000 – e era um edifício meio em ruínas e abandonado há sete anos – a embaixadora e a adida cultural de então chegaram com os seus carros cheios de comida e bebida, improvisámos umas mesas, e depois do espectáculo, comemos, bebemos, ficámos a conversar até às tantas. Foi a nossa primeira festa. E não mais nos perdemos de vista.
E se desta vez lemos excertos de SOU O VENTO, e lançamos mais um livrinho com textos de Jon Fosse, é porque não tenho dúvidas que um dia destes faremos uma destas suas últimas peças, tão rarefeitas, tão belas, tão únicas.
Assim deveria ser o trabalho.
E foi tudo tão simples.
Jorge Silva Melo