O AMANTE de Harold Pinter

O Amante

AMANTE de Harold Pinter
Tradução Pedro Marques Com Gracinda Nave, Marco Delgado e Pedro Carraca  Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira e José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo
Uma produção Artistas Unidos/Culturporto.

Estreia Rivoli – Teatro Municipal, 19 de Janeiro de 2002
Espaço A Capital, 24 de Janeiro de 2002
O texto está publicado no volume TEATRO I de Harold Pinter (Ed. Relógio d´Água)

o_amante_bEscrita originalmente para televisão, O AMANTE foi teledinfundida em Março de 1963 com Alan Badel e Vivien Merchant. Nesse mesmo ano, em Setembro, estreou no Arts Theatre juntamente com The Dwarfs com encenação de Harold Pinter, assistência de encenação de Guy Vaesen e o seguinte elenco: Richard – Scott Forbes; Sarah – Vivient Merchant; John – Michael Forest.. Podemos dizer que se trata da primeira incursão de Pinter no labrinto das relações eróticas que irá desenvolver em textos posteriores como HÁ TANTO TEMPO (Old Times), TRAIÇÕES e CINZA ÀS CINZAS. A sua estreia em Portugal ocorreu em 1992 numa tradução, encenação e interpretação de Diogo Infante na Sala Experimental do Teatro da Trindade.

Uma relojoaria diabólicamente devastadora. Aqui Pinter trata do homem sozinho, perante a sociedade. Fala-se aqui da solidão, do medo dos outros escondido atrás de uma máscara irónica ou agressiva. E as personagens têm de se compreender tal como são: incapazes de se compreender e de se encontar. O teatro de Harold Pinter revela um universo singular, cómico e aterrador, feito de sub-entendidos, mal-entendidos ou puros equívocos. Nele observa-se, como se fosse ao microscópio, personagens que vegetam confusamente, de quem quase nada se sabe e que, de repente, explodem num confronto em que as palavras são armas mortais. Estamos no reino do falso para se atingir uma verdade que é ainda mais falsa.
Eric Kahane

Tal como em grandes obras clássicas, o que aqui é tratado é o conflito entre uma humanidade dominada, socializada e uma outra, selvagem, guiada pelos instintos. Num registo miniatural, com elegância e um humor seco, estamos não na escala épica e vasta das “Bacantes” ou do “Balcão” de Genet mas no nível de um comédia subtil e intima.
Martin Esslin.

As personagens de Pinter exprimem exactamente aquilo que lhes vem à mente e muitas vezes emerge directamente do inconsciente. Pode acontecer que isso nada tenha a ver com a acção ou com o que acaba de dizer a outra personagem. Para dizer a verdade, não há diálogo.As personagens de Pinter só se revelam aos poucos e de uma maneira incompleta: esse é o trabalho do actor.
Mervyn Jones

O Amante é uma peça ardilosa. Começa em comédia de costumes, passa para a exploração de ilusões fetichistas que tanto podem aguentar um casamento como sugerir um esgotamento nervoso e finalmente faz a reconciliação entre a realidade e a fantasia. Com grande delicadeza, Pinter mostra como os ingleses de certa classe e tipo têm necessidade de dividir as mulheres em parceiras elegantes e putas transaccionáveis.
Michael Billington