OUVIDOR GERAL de Miguel Castro Caldas

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OUVIDOR GERAL de Miguel Castro Caldas Com Manuel Wiborg Cenografia Ana Tomé Figurinos Luís Mouro Sonoplastia André Pires Luz Cárin Geada Assistência de encenação e produção João Pedro Mamede Encenação Manuel Wiborg Direcção de Produção Manuel Wiborg Produção Teatro do Interior Parceiro Institucional Fundo de Fomento Cultural – Programa Garantir Cultura Apoios Mário Mendes – Ferragens, Batatas Neto, Autovidreira de Campo de Ourique, TNDMII, CML M16

No Teatro da Politécnica de 9 a 19 de Fevereiro de 2022

Nos documentos, há um Fernão Lopes que não é o Cronista. Viveu um século depois, partiu em 1506 para a Índia com Afonso de Albuquerque. Foi, ao longo da vida, escudeiro, católico, depois traidor, renegado, mercenário, muçulmano. Ao contrário do seu homónimo, nunca escreveu uma palavra. Viveu os seus últimos vinte e tal anos exilado na pedregosa ilha de Santa Helena, como Napoleão trezentos anos depois. Completamente sozinho, olhava para o que via de si mesmo – as suas mãos –  só que não tinha mãos. Mesmo assim, sem mãos nem orelhas nem nariz, mas com as sementes que os barcos deixavam quando ali faziam aguada, transformou a ilha num jardim globalizado.
Miguel Castro Caldas

© Álvaro Rosendo