PENÉLOPE de Enda Walsh Tradução Joana Frazão Com Joana Barros, João Vaz, José Neves*, Pedro Carraca e Pedro Luzindro Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Encenação Jorge Silva Melo
*Gentilmente cedido pelo TNDM II
No TECA a 11, 12 e 13 de Maio de 2012
No Teatro da Politécnica de 30 de Maio a 30 de Junho de 2012
Quinn Estivéssemos nós sentados na Mongólia a tiritar no meio de um rebanho de iaques e eu a agarrar esta salsicha… Havia de olhar cada um de vocês nos olhos e sorrir… “Meus senhores, é uma salsicha quente! A derradeira salsicha, aquecida! E agora o que acham disto, rapazes?”
Fitz Temos inveja. E frio.
Enda Walsh, Penélope
Nas primeiras peças de Enda Walsh, as suas personagens estão aprisionadas nos seus próprios mitos. Em Penélope, avançou um pouco mais e mostra-nos quatro homens modernos confinados numa lenda de Homero. O resultado é uma peça louca e selvagem, bêbeda de linguagem, que nos intoxica.
Penélope enganou os seus pretendentes ao longo de 20 anos enquanto esperava o regresso de Ulisses. Aqui Walsh mostra quatro homens de idades diferentes, refugiados do mundo dos negócios irlandeses, numa competição pela mão de uma Penélope moderna. A estranheza vem do facto de viverem numa piscina vazia, com barbacoa, aparelhagem, televisão… e cada um faz uma última tentativa para conquistar o amor de Penélope.
De certa forma, Penélope é como as tragédias antigas, começa com uma ideia que surge em Homero e cresce a partir daí. As personagens chegam a ter um sonho premonitório da violência que virá. Mas é também uma peça divertida em fatos de banho em torno de uma barbacoa que não conseguem ligar.
“Sempre me interessei pelos pretendentes,” diz Walsh, “nunca são explorados na arte. Temos este poema de procura heróica – e depois temos um coro patético de homens. Depois destes anos todos o que terá acontecido às medidas das suas cinturas ou à sua libido?”