ROBERT PINGET

Nasceu em Genève, em 1919, e morreu em Paris, em 1995. Estudou Direito na Suíça e pintura na Escola de Belas Artes de Paris. Estreou-se na escrita com a publicação de Entre Futoine et Agapa, em 1951. Em 1956 publica Graal Flibuste, nas Éditions de Minuit, passando a ser considerado um dos autores do “Nouveau-Roman”, onde manterá uma posição marginal. Da amizade com Samuel Beckett, que traduziria para inglês uma das suas peças de teatro La Manivelle (1960) sob o título The Old Tune, a obra de Pinget conhecerá uma sensibilidade trágica em que a sombra da morte e o nada farão parte integrante. São desse período Lettre Morte (1959), L’Hipotèse (1961), Manivelle e Le Fiston (1959). Em 1965 publica L’Inquisitoire que recebe o prémio da crítica e que é por muitos considerada a sua obra-prima. Escrita entre a consciência e o delírio, o autor desenvolve um romance a um ritmo alucinante numa acumulação de pormenores onde o gratuito se conjuga com o estranho. Mas é sobretudo a escolha do diálogo como modo privilegiado da escrita e o modo como encena a relação interrogador / interrogado como relação de poder, que tornará inútil qualquer distinção entre escrita de romance e escrita de teatro. Pinget ouve antes de escrever: “Tout ce qu’on peut dire ne m’interesse pas, mais la façon de dire.” Escreve em 1971 as peças de teatro Identité e Abel et Bela, a que se seguiria Paralchimie (1973). A partir de 1980 com Apocryphe, Monsieur Songe (1985), L’Ennemi (1987), Du Nerf(1990) e Theo ou Le Temps Neuf o autor interroga-se sobre o sentido da escrita e da leitura. A um certo fim de leitura, num mundo pós-moderno dominado pela imagem, o autor responde com um nada do texto enquanto obra significante. A obra de Pinget edifica-se sobre as ruínas de um sonho de obra, ao mesmo tempo que a de Godard se interroga sobre o fim da linguagem cinematográfica. Ambos se alimentam da própria agonia.

Nas Revistas Artistas Unidos:
O Inquisitório (Revista nº 2)