SALA DE ESTAR de Michael Biberstein
Teatro Taborda
De 7 de Julho a 4 de Outubro de 2004
A galeria de exposições toma a configuração de um espaço doméstico (…) – faz-se referência ao destino mais frequente das obras de arte e à relação mais directa e próxima do público com a arte (o convívio permanente com as obras na casa em que se vive), mas pode pensar-se também no cenário e nos adereços de um palco, já que estamos num teatro. A instalação-ambiente consta de uma grande tela dupla ligeiramente tingida de um cinzento acastanhado não uniforme, como uma névoa que o observador informado associará ao interesse de Biberstein pela evocação de nebulosas paisagens montanhosas (referências à pintura romântica de paisagem e à ideia de sublime), de uma pedra manchada por fios de tinta de várias cores que escorrem até uma grande esteira que serve de tapete e ainda de um sofá onde o espectador se pode sentar para ouvir uma composição Sonora da autoria do pintor, interpretada e executada por Manuel Mesquita, A pedra é um objecto real apropriado da natureza e sugere a forma de uma montanha dissociando-se assim a representação pictural (o quadro) e o motivo representado e também os meios da pintura – tela e tintas –, numa teatralização que questiona a eventual (im)possibilidade da pintura de paisagem no contexto da arte actual, recordando a sua tradição e incluindo o espectador nessa interrogação.
Alexandre Pomar – Expresso, 28.8.04