SÉRGIO POMBO O CORPO E A LINHA

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A pintura de Sérgio Pombo – pintura, desenho, com figuras ou sem, a pintura que nele tudo é pintura, irredutivelmente pintura, mesmo quando é escultura – é tão brilhantemente viva que ofusca, é tão desassombrada que nos assalta o equilíbrio, sofre, o dia em que nasci morra e pereça, dizia Job, amaldiçoa-nos – mas promete-nos o humano, o humano presente, o humano simplesmente, a vida de hoje, esta, sufocantemente bela na sua crueza rápida, na sua imensa solidão.
JSM

No Teatro da Politécnica de 13 Março a 27 Abril de 2013 

a medida de todas as coisas
no lugar e no tempo em que nos encontramos, perdemos há muito a medida universal que nos permitia perceber o sentido e a direcção de todas as coisas.
por isso, cada um é obrigado a percorrer de novo, e sozinho, os caminhos que conduziram às sínteses formadoras da cultura ocidental; obrigado a enfrentar, sozinho, a desagregação de todos os discursos.sérgio pombo procura no corpo, como os gregos (por vezes mesmo evocando o corpo de ulisses e a sua viagem iniciática), elementos que lhe permitam reerguer os templos da feliz coincidência entre a natureza e os homens, entre os homens e os deuses.

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em quase toda a sua pintura há vertigem e angústia perante as forças de desarticulação que se impõem à sua maneira de fazer, ao seu projecto de trabalho.

nestas esculturas, pelo contrário, há serenidade e gratidão: são guardiãs de uma vida diversa, modelos de um mundo em formação, onde o sagrado encontra um novo corpo – novo kouros oferecido à nossa vontade de cor e de felicidade.
lisboa, 28 fev 2013
joão pinharanda