SONHO DE OUTONO de Jon Fosse
Tradução Solveig Nordlund e Eduarda Dionísio Com Gracinda Nave, Marco Delgado, Camacho Costa, Lucinda Loureiro e Sylvie Rocha Cenografia Rita Lopes Alves, Isabel Nogueira, Ana Paula Rocha e José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Encenação Solveig Nordlund assistida por António Simão
Uma produção Solveig Nordlund / Artistas Unidos
Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro, 8 de Fevereiro de 2001.
O texto está publicado juntamente com O NOME pela Campo das Letras
SONHO DE OUTONO: Um homem e uma mulher encontram-se num cemitério. Já se conheceram, já se amaram, mas só agora podem realizar o amor que sentem um pelo outro. A mulher oferece-se, o homem hesita. Conversam sobre o amor e a morte, o homem questiona o amor, teme a morte, a mulher quer viver e amar. E descobrimos este amor já se realizou e já acabou. O homem está no cemitério para o enterro da sua avó. Os pais aguardam-no e vêem com desagrado com a “outra mulher”. Preferem a primeira, a mãe do filho. O homem perde o enterro da avó, tal como perde o do pai e a morte do filho e o amor das mulheres. Está sempre no lugar errado na altura errada. E a vida passa.
“Em miúdo, tocava música, guitarra… aos onze anos ficava a tocar seis ou sete horas seguidas. De um dia para o outro, parei. Acabou-se a guitarra. E comecei a escrever. O que me pareceu ser uma coisa mais séria… mas comecei a escrever tentando fazer uma espécie de música… poucas palavras, repetições, variações, silêncios… Quando, por exemplo, ouço uma peça em tradução, eu ouço a música, reconheço o ritmo na tradução, na maneira de representar, embora não perceba o significado das palavras, reconheço tudo.”
Jon Fosse
nº2 da Artistas Unidos – Revista
“O que Jon Fosse escreve é ao mesmo tempo simples e profundo. Existe uma grande inquetacão no seu estilo narrativo. Escreve sobre situacões em que toda a gente se reconhece onde quer que viva no mundo. O seu estilo é retórico e repetitivo e, como dramaturgo, cava fundo na alma humana.”
Berit Gullberg,
1996
“O seu ritmo é repetitivo e tão próximo da consciência do protagonista que se pode dizer que é um espelho de como essa personagem principal encara o mundo. No centro estão os encontros entre personagens e estes encontros podem ser de tal ordem que mudem as personagens. A insegurança traz às pecas uma nova linguagem. É a língua de todos os dias em que as palavras mais insignificantes podem surgir como sintomas de segredos que não se conseguem articular”
Espen Stueland,
Bø, 15.9.1999.
Um texto espectral, uma atmosfera de felicidade permanentemente ameaçada (.) encenado com extrema delicadeza e excelentes actores.
Eduardo Prado Coelho
Público, 12/02/2001