TORQUATO TASSO de Goethe
Com Gracinda Nave, Joana Bárcia, José Airosa, Miguel Borges e Paulo Claro Tradução João Barrento Cenário e figurinos Rita Lopes Alves com a colaboração de Pedro Borges, Ana Paula Rocha e Lucha d´Orey Luz Pedro Domingos Colaboração literária José Maria Vieira Mendes Direcção de produção Lucinda Loureiro Assistentes de produção Ivone Costa e Ana Bustorff Silva Penteados e maquilhagem Ana Ferreira e Eva Silva Graça como o apoio de Victor Hugo Fotografia Jorge Gonçalves Design Gráfico João Magalhães Encenação Jorge Silva Melo com a colaboração de João Fiadeiro e assistido por João Meireles e Helder Bráz
Uma co-produção Artistas Unidos/Acarte.
Estreia Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, 30 de Setembro de 1999.
O texto está publicado pela Relógio d’Água.
Drama do demoníaco poético por excelência, no Tasso são todos tocados pelo poeta, nenhum fica intacto, e todos, todos tocados por ele, falarão por ele, pelo demónio dele: a Princesa, da paixão e do furor, Leonor San Vitale, da coroa de louros transmutada em coroa de espinhos, o Príncipe, do abandono e do desespero, António da poesia, a que não tem acesso, do anseio pelo impossível que não o ronda, a ele. É como se Goethe nos tivesse dado a presenciar a amálgama alquímica, elementar, o enigma sem fim que era o seu próprio génio. É esse enigma que, pela boca de um outro, onde misturou a sua saliva e soprou o seu hálito, engendra a suspensão contínua que atravessa todo o poema, e que fica oscilando nos seus últimos versos, ardentes.
[…]
Não, não é o drama do amor, é o drama do poeta coroado, o drama do antecessor de todos os poetas modernos, malditos, em perigo, e não apenas pelas exigências demoníacas, posto em perigo pelos negócios dos poderosos, presa do seu próprio furor, atraído pelo caos, irmão de Goethe que, apesar de “saber cuidar um pouco melhor das suas coisas”, experimentou constantemente o perigo do desabamento da exaustão emocional sobre o seu anseio infinito de harmonia.
Maria Filomena Molder
A energia de Miguel Borges, posta ao serviço da poesia de Goethe e do seu manifesto a favor de uma arte sem Deus nem Chefe. Um poema titânico, gritado por um actor no tom de quem intenta roubar o fogo dos deuses.
Manuel João Gomes
Público, Outubro 1999