Três Exemplos das Novelas Exemplares
De Miguel de Cervantes
Tradução de Aquilino Ribeiro
Leituras pelos ARTISTAS UNIDOS
No FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, 25 de Setembro
16.30 RINCONETE E CORTADILLO por Jorge Silva Melo
18.00 COLÓQUIO DE CÃES (excertos) por Américo Silva, André Pardal, António Simão, João Meireles, Jorge Silva Melo, Pedro Carraca e Tiago Matias
19.00 UM VELHO DE ZELOS por Américo Silva, André Pardal, António Simão, João Meireles, Jorge Silva Melo, Pedro Carraca e Tiago Matias
Ladrões, pulhas, pelintras, fraldiqueiros, fidalgos sem cheta, vadios, guitarristas, mendigos, malfeitores, gente reles, aventureiros, trapaceiros, enganadores e enganados, presumidos, e velhos ciumentos – e também cães! – atropelam-se pelas ruas sujas de Sevilha nestas doze novelas morais (mas qual moral?) que Miguel de Cervantes foi escrevendo entre 1590 e 1612, à maneira “italiana”.
A isto se aplicou meu engenho, por aqui me leva minha inclinação, e mais que dou a entender, e é assim, que sou o primeiro que novelei em língua castelhana, que as muitas novelas que nela andam impressas, todas são traduzidas de línguas estrangeiras, e estas são minhas próprias, não imitadas nem furtadas; meu génio as engendrou, e pariu-as minha pena, e vão crescendo aos braços da imprensa.
Miguel de Cervantes
Sim, Cervantes experimentou muito.
Escreveu teatro, comédias, entremeses e tragédias, poesias, sempre atento às mudanças que a literatura ia conquistando: se há autor que poderíamos para sempre considerar experimental, é D. Miguel, imparável. E escreveu o Quijote.
Com as Novelas Exemplares, queria apresentar uma espécie de narrativa ligeira, concentrada no efeito e na velocidade. E queria responder à moda das novelas italianas que infestavam Espanha. Estava seguro do valor da obra e consciente da qualidade do próprio trabalho. O “exemplares” do título tanto pode indicar que as novelas suscitam lições de moral, como também pode ser uma forma nada discreta de anunciar que outros escritores podem usar o seu estilo como exemplo.
Depois de ter feito a sua esplêndida tradução do Quixote, o romancista Aquilino Ribeiro (1885/1963) traduziu em 1958 as Novelas Exemplares, tradução agora reeditada pela Bertrand.