UM CLUBE DE LEITURA DE PEÇAS DE TEATRO

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Um clube de leitura de peças de teatro – Teatro da Cidade

E se pudéssemos, em conjunto, descobrir peças de teatro?

Este clube de leitura é um encontro promovido pelo Teatro da Cidade em parceria com os Artistas Unidos, onde, em conjunto com o público se lêem e se descobrem textos da dramaturgia universal. Um lugar de encontro para que possamos imaginar outros lugares, outras ficções, para que possamos dialogar com e a partir da palavra de outros autores, fazendo da leitura e da interpretação destes textos um lugar partilhado.

Sempre na última 2ª do mês, das 19h às 21h, o encontro está marcado no Teatro da Politécnica

Sessões anteriores:

A FORÇA DO HÁBITO de Thomas Bernhard – 25 de Setembro de 2023
Direcção Nídia Roque

MISSÃO e MAUSER de Heiner Müller – 30 de Outubro de 2023
Direcção Guilherme Gomes

TERRORISMO dos Irmãos Presniakov – 27 de Novembro de 2023
Direcção da sessão: Bernardo Souto

TERRORISMO, escrita no ano 2000, é uma peça de teatro que se desenvolve em vários quadros, oferecendo uma visão aguda e satírica da vida contemporânea. Os dramaturgos abordam a realidade com amargura e sarcasmo, criando um mundo fantasioso que reflecte a dualidade entre a burocracia e a corrupção, muitas vezes representando uma visão do momento presente.

As personagens da peça transitam entre o ridículo e a realidade, construindo um retrato perturbador de um universo marcado pela anarquia e alienação. Ao capturar o sentido de desordem e poder, os irmãos Presniakov exploram temas contemporâneos, proporcionando uma reflexão profunda sobre a sociedade e seus desafios. A peça é reconhecida pela habilidade única de retratar o quotidiano com uma mistura envolvente de humor e crítica social.

FRIGORÍFICO de Copi – 29 Janeiro de 2024
Direcção Rita Cabaço

Neste texto, uma patroa, uma criada, uma porteira, um mordomo, um polícia e outras tantas fantasias saem de um frigorífico, numa vertiginosa e absurda peça do dramaturgo argentino.

CAMINHO DO CÉU de Juan Mayorga – 26 de Fevereiro de 2024
Direcção Rita Cabaço

A 26 de Fevereiro, lemos Caminho do Céu de Juan Mayorga, que nos conta a história de um homem, antigo delegado da Cruz Vermelha que todas as noites reconstrói pormenorizadamente todos os passos do dia em que visitou um campo de concentração e se deparou com aquilo a que chamou uma “cidade normal”. Todas as noites a sua memória regressa àquele lugar como que na tentativa de finalmente conseguir testemunhar um sinal de alguém, um pedido de ajuda que sirva de denuncia à atrocidade.

RUA GAGARIN de Gregory Burke – 29 Abril de 2024
Direcção da sessão: Nídia Roque

Rua Gagarin é uma mistura de anarquia, comunismo e comédia negra. O autor quis escrever uma peça sobre: “economia – a real fonte de poder na sociedade global – e a infinita capacidade do Homem para se auto-iludir”. Rua Gagarin é uma peça cruel e divertida sobre um assalto que correu terrivelmente mal. Vencedora dos prémios: Meyer/Whitworth e Critics’ Circle, ambos em 2002, e do Fringe First no Festival de Edimburgo de 2001. Estreou a 12 de Julho de 2001 no Traverse Theatre de Edimburgo, com interpretação de Michael Nardone, Michael Moreland, Billy McElhaney e Maurice Roëves e encenação de John Tiffany.

OS PERSAS de Ésquilo – 27 de Maio de 2024
Direcção da sessão: Nídia Roque

A mais antiga das tragédias completas de Ésquilo, a mais antiga tragédia da literatura dramática ocidental.
A história da derrota de Xerxes na Batalha de Salamina, no ano de 480 a.C., vista através dos olhos persas no Palácio Real em Susa. Persas indaga sobre as consequências da hybris e da guerra e sobre a fragilidade da glória militar.

SALA VIP de Jorge Silva Melo – 24 de Junho de 2024

Gente que espera, gente que já morreu? São quem? Personagens do mundo lírico, Leonoras, Huskymiller, Azucenas? Esperam – desesperam. Já tudo acabou?

Quando o Pedro Gil me perguntou se eu estaria interessado em escrever para ele (uma peça, uma não – peça, uma coisa), sabia que ia encontrar um interlocutor e não apenas um encomendador. E eu queria escrever uma peça que ele quisesse montar, como e quando e com quem lhe apetecesse. Gosto muito do Pedro e já lá vão, imagine-se, 12 anos que nos entendemos, desde A Capital, 2000. Mas não queria fazer uma peça que lhe calhasse a matar, na sequência daquelas que ele tão bem tem feito. Queria que fosse minha, com as minhas inquietações, aquilo que me interessa, aquilo que me inquieta, este meu mundo que termina em breve. Não queria uma peça para colocar lindas palavras no espectáculo do Pedro, queria passar-lhe, como há anos fazemos, as chaves do carro (como o fiz no filme sobre o Álvaro Lapa), falar com ele da estrutura intrigante das velhas (e afinal tão novas) peças de Terence Rattigan (que cada vez mais gostaria de montar), entregar-lhe um mundo que me desaparece. E há anos que ando, também por nunca ter conseguido dirigir o Boulevard Solitude de Hans Werner Henze, bela ópera mais uma vez sobre a Manon do Abade Prévost, às voltas com esta paixão, esta vertigem, esta morte, o dinheiro. E então será esta a minha Manon, sola, perduta, abandonata, com saudades de Puccini. Entre salas de espera, entre hospitais, spas e aeroportos, vamos morrendo, desfeitos.
Jorge Silva Melo