VAI VIR ALGUÉM de Jon Fosse
Tradução Solveig Nordlund e José Maria Vieira Mendes Com Isabel Muñoz Cardoso, Diogo Dória e Paulo Claro Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves com a colaboração de Isabel Nogueira e José Manuel Reis Luz Pedro Domingos Encenação Solveig Nordlund
Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro, 4 de Fevereiro de 2000
O texto está publicado na Revista nº 2 dos Artistas Unidos
“ELA Só sei que vai vir alguém
Tu queres que alguém venha
Tu preferes estar com outras pessoas do que comigo
Tu preferes estar com outras pessoas vai vir alguém”
Jon Fosse,
Vai Vir Alguém
VAI VIR ALGUÉM: Um homem e uma mulher. Só querem estar um com o outro. Por isso deixam a cidade e compram uma casa isolado ao pé do mar. Mas isso será possível? Não virá ninguém? Porque vai vir alguém, dizem. É então que aparece o rapaz que lhes vendeu a casa.
“Das suas peças emana uma luz. Uma luz muito particular que lembra a dos pintores escandinavos, Munch, por exemplo. Uma luz branca como acontece nos eclipes, mas uma luz que desenha com nitidez os contornos dos objectos e das personagens, Contradição? Não. Porque a ausência de luz corresponde a uma outra ausência: o número dos personagens é sempre pequeno: são dois, três, quando muito quatro. Aumenta a concentração, agudiza-se a percepção porque um terceiro fenómeno aparece: e é a dimensão do tempo. O tempo parece ter parado no universo de Fosse. A linguagem simples e repetitiva revela a solidão profunda dos homens. A ausência de luz, o isolamento no espaço e o tempo quieto transformam as peças de Jon Fosse em instantes de grande recolhimento e essa é a finalidade confessa do autor ” criar momentos em que um anjo passa.”
Terje Sinding