Durante quatro Domingos, 1, 8, 15 e 22 de Dezembro, após o espectáculo VENTO FORTE de Jon Fosse, serão realizadas quatro conversas sobre o autor da peça e sobre o espectáculo, dirigidas pelo encenador e actor António Simão.
As conversas são abertas ao público e a quem quiser participar, dentro do limite da lotação do Lounge do Teatro Variedades, e debruçar-se-ão sobre a escrita e a realização do seu teatro. Em particular desta que é uma das mais recentes peças do autor.
No Lounge do Teatro Variedades 1, 8, 15 e 22 de Dezembro de 2024
Parafraseando o que terá escrito Wittgenstein no seu Tractactus: “Aquilo que não podemos dizer só podemos calar” (é preciso escrever); e “o limite da linguagem é o limite do homem”.
A linguagem é limitada a desvelar os pensamentos que na escrita de Jon Fosse só existem quando relacionados, como o próprio refere. Se anulados na sua diferença, ou seja, transformados apenas em significantes, em forma, devolvem-nos um vazio de sentido, o abstrato e o inapreensível.
Entramos então no reino da poesia – da forma, da artificialidade, da subjectividade e da metafísica – do númeno? Onde a convenção e as formas se referem a algo que de facto não existe, ou que não conseguimos apreender senão apenas de um maneira falha?
O tempo e o espaço na tentativa de ordenarem qualquer sentido, qualquer pensamento não passam de meras ilusões e talvez só a a morte, só o fim, enquanto ponto de fuga seja real, exista. E o resto é repetição, uma dinâmica eterna e lúgubre.
A falha, a incerteza, a insuficiência e a ausência são por isso constantes nas vozes e nos corpos escritos pelo autor. Mas que corpos são estes, existem, emitem som, comunicam, pensam, ou são apenas projectos falhados?
António Simão