No Teatro da Politécnica de 9 de Novembro a 17 de Dezembro
A arte – visual, literária, musical – não serve só para inquietar, ou provocar, mas também para encantar, divertir e apaziguar.
As “Paisagens Ocultas” pertencem a uma tendência parafigurativa e desenvolvem-se a partir de 2014. São óleos e guaches agrupados numa série de sentido horizontal, a que corresponde uma outra de sentido vertical. O seu espaço, susceptível de ampliação, não tem princípio nem fim, e está identificado por sete planos de cor, delimitados, ou recortados, pelo desenho. O número sete não tem, aliás, qualquer significado místico. Na verdade, trata-se de uma divisão abstratizante, tão reduzida quanto possível, mas que permite, adequadamente, a expressividade e a densidade de cromatismo do quadro. As cores, sem nuances, são obtidas pela aplicação de sucessivas camadas lisas e nunca são idênticas através da variação das tonalidades. A linha negra, que recorta os planos cromáticos, varia de espessura, engrossando e estreitando ao longo do seu percurso. O seu desenho sinuoso devolve à pintura a recordação da paisagem oculta na estrutura abstrata do quadro, impedindo-a de se comportar como não-figurativa. As “Paisagens Ocultas” acentuam no meu trabalho uma memória cartazista, aprofundando uma relação com o design, através do rigor no desenho e na aplicação da cor.
N.S.