BARTOLOMEU CID DOS SANTOS / POR TERRAS DEVASTADAS
argumento e realização Jorge Silva Melo depoimentos Alan Sillitoe, Hélder Macedo, João Cutileiro, John Aiken, Manuel Augusto Araújo, Paula Rego, Valter Vinagre imagem José Luís Carvalhosa som Armanda Carvalho montagem Vítor Alves assistente de montagem Miguel Aguiar mistura de som Tiago Matos assistência de realização Maria do Mar Fazenda, Andreia Bento, produção João Matos, Joana Cunha Ferreira, Alexandra Caiano produtor Pedro Borges
Apoio Câmara Municipal de Tavira, Instituto Camões Produtor associado Artistas Unidos uma produção Midas Filmes © 2009 RTP 2
Estreia no IndieLisboa (Cinema São Jorge) a 30 de Abril de 2009
Na RTP 2 a 10 de Maio de 2009
Na Casa da Cerca (Almada) a 16 de Maio de 2009
Na Cinemateca Portuguesa a 22 de Maio de 2009
No Museu Berardo / CCB (Festival Temps d´Images) a 13 de Novembro de 2009
Na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva a 20 e 27 de Junho de 2010
Festival Temps d´Images – Prémio de Melhor Filme Português 2009
Bartolomeu Cid dos Santos, que nasceu em Lisboa em 1931 e morreu em Londres em 2008, viveu entre Lisboa e Londres, mas também em Sintra, Tavira, Lahore, Bagdad, Macau… Na Slade School de Londres, estudou gravura e veio a tornar-se um dos seus mais reputados professores. Mas no final do século XX, reformado, regressado a Portugal, retomou a pintura, construiu caixas, refez gravuras, fez esculturas.
Um mundo crepuscular, o do fim dos muitos impérios, será o mundo de Bartolomeu. Que, em 65, criou uma das primeiras metáforas contra o Poder Colonial Português, a gravura “Portuguese Men of War”. E que no fim da vida, com fúria visível e renovada vitalidade, se insurge contra a Nova Ordem Mundial. Mas um mundo também no anoitecer dos sentimentos amorosos, à procura de mais alguma coisa, de algum além para além do mar. Entre conversas com Bartolomeu e alguns dos seus mais próximos (como Paula Rego, Helder Macedo, John Aiken, Manuel Augusto Araújo, Valter Vinagre), procuro fazer um breve restrato deste homem das sete partidas do mundo, artista multifacetado, irónico, romântico, terno, grande conhecedor do mundo, das viagens e das técnicas, grande conhecedor das letras, e fazer ver como ele, em cada obra que faz, gravura, pintura, escultura ou… convoca todo o tempo passado, todas as terras distantes, sabendo, com Eliot, que “tempo passado e tempo futuro estão ambos presentes no tempo presente”.
Um retrato de um homem que, aos 14 anos, no Chrysler do seu avô, foi de Lisboa a Paris em 1946, e viu desfilar a terra devastada depois da II Guerra Mundial.
E é por terras devastadas, ruínas, labirintos, mares que ele, sempre menino e sempre marinheiro, procura… e procura o quê?