LUIGI PIRANDELLO

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Nasceu, em 28 de Junho de 1867, perto de Agrigento, na Sicília, numa localidade chamada Caos. A sua vida foi, como escreveu, a “involuntária passagem pela terra de um filho do caos.” Após o liceu em Palermo, irá ajudar o pai na gestão das minas de enxofre que a família possui. Mas cedo abandonará os negócios familiares para frequentar a Universidade, primeiro em Roma, depois em Bona, onde se licencia em Filologia Românica. A partir de 1892, estabelece-se em Roma onde inicia a sua carreira literária, aconselhado pelo seu conterrâneo Luigi Capuana a escrever narrativas. Em 1894, casa-se com Maria Antonietta Portulano, herdeira de um sócio do pai, que irá sofrer de distúrbios mentais que muito o afectarão. Em 1901, publica o primeiro romance, L’esclusa e, em 1902, Il turno. Autor de uma obra vasta, Pirandello escreveu diversos romances, contos e novelas que foram compilados sob o título de Novelle per un anno (15 vols., 1922-37). Com Ele Foi Matias Pascal, romance publicado em 1904, obteve um enorme êxito editorial. Dos seus seis romances, os mais conhecidos são Ele Foi Matias Pascal (1904) e Um, ninguém e cem mil (1926) ambos editados em Portugal na Cavalo de Ferro. Mas será a partir de 1915 que começa a sua carreira triunfal de autor dramático, com obras como Cautela Libertino!, Limões da Sicília, Liolà (1916), Para Cada Um a Sua Verdade, O Barrete de Guizos, A Volúpia da Honra (1917), Ma Non È Una Cosa Seria e Il Giuoco delle Parti (1918), muitas delas tendo origem nas suas novelas ou contos. Em 1918 publica o primeiro volume do teatro sob o título Máscaras nuas, título que é todo um programa. Pirandello concentra-se no problema da identidade. O eu existe apenas em relação aos outros; consiste na mudança de facetas que escondem um abismo inescrutável. Numa peça como Para Cada Um a Sua Verdade (1918), duas pessoas detêm percepções contraditórias sobre uma terceira pessoa. A protagonista de Vestir os Nus (1923) tenta firmar a sua identidade ao assumir diversas identidades; gradualmente apercebe-se da sua verdadeira posição na ordem social e no fim morre «nua», sem máscara social, aos seus próprios olhos e dos amigos. Da mesma forma, em Henrique IV, (1922) um homem supostamente louco imagina que é um imperador medieval, e a sua imaginação e a realidade são estranhamente confusas. O conflito entre ilusão e realidade é central em A Vida Que Te Dei (1924) ou A Desconhecida (1930). A análise e dissolução de um eu unificado é levado ao extremo em Seis personagens à Procura de Autor (1921) onde o próprio palco, o símbolo da aparência versus realidade, é o centro da peça. Com esta peça, Pirandello conhece um êxito internacional que o leva aos principais teatros do mundo, de Berlim a Paris e a Nova Iorque. A sua produção teatral prossegue com Henrique IV e Vestir Os Nus (1922), O Homem da Flor na Boca (1923), Ciascuno a suo modo (1924). A partir de 1924, dirige, em Roma, o Teatro d’Arte que, durante três temporadas (até 1928), faz conhecer mundialmente o seu teatro. A intérprete por excelência da sua obra será Marta Abba, a quem Pirandello está ligado sentimentalmente. Com La Nuova Colonia (1928) inaugura uma série de textos que irão constituir o seu derradeiro ciclo, o dos «mitos» modernos, que culmina nos Gigantes da Montanha, texto inacabado. Desta sua última fase é também crucial o texto Esta Noite Improvisa-se (1930) onde especula sobre a vida, a criação e o teatro. Em 1931, esteve em Lisboa, no Congresso da Critica, tendo assistido à estreia de Um Sonho, Mas Talvez Não, na companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Em 1934 é-lhe atribuído o prémio Nobel. Morre, em Roma, a 10 de Dezembro de 1936.

Do autor nos Livrinhos de Teatro:
Seis Personagens à Procura de Autor/ Para Cada Um Sua Verdade/ Esta Noite Improvisa-se (nº 36)

Do autor noutros Editores:
O Turno (Cavalo de Ferro)
Um, Ninguém e cem mil (Cavalo de Ferro) e (Aura 16)
O Falecido Mattia Pascal Gente independente (Cavalo de Ferro)
Pena de Viver Assim – BI – Biblioteca de Editores Independentes (Relógio d’Água)
Esta Noite Improvisa-se (Editorial Estampa)
Ele foi Mattia Pascal (Romance) (Cavalo de Ferro)
Henrique IV e Seis Personagens em Busca de Autor (Relógio d’Água)

Nas Revistas Artistas Unidos:
Dossier: Sobre Pirandelo (Revista nº24)
Contém os seguintes artigos:
Luigi Pirandelo Vida e Obra (1867-1936);
A experiência do director I;
A cena do mundo II – por Roberto Alonge;
A triologia do teatro – por Renato Barilli;
Luigi Pirandello – por Raymond Williams;
A corrosão da peça burguesa – Pirandello – por Paolo Puppa;
Esta Noite Improvisa-se (questa sera si recita a soggetto) – por André Bouissy;
Seis Personagens à Procura de um Autor – por Paul Renucci;
Pirandello nos Palcos Portugueses – os espectáculos;
Traduções Portuguesas de Pirandello;
Pirandello – E a censura em Portugal;
Uma peça de Pirandello – depoimento de José Régio;
Pirandello em Portugal – Conversa com Luís Francisco Rebello;
Recordação de Luigi Pirandello – por Gino Saviotti;
Pirandello em Portugal: Memórias – por Luís Miguel Cintra;
Estranhamento e Humorismo – por Fernando Mora Ramos;
Pirandello nas Caldas – por Isabel Lopes;
Pirandello nos Artistas Unidos;
Prefácio a Seis Personagens à Procura de um Autor, 1921;
Quatro novelas que deram peças: Leonora, Adeus!/ A Tragédia de uma Personagem/ Visita/ A Luz da Outra Casa;
Três peças em um acto – por Luigi Pirandello: Limões na Sicília/ Cécé/ À Saída.

Nos Artistas Unidos:
2009
ESTA NOITE IMPROVISA-SE de Luigi Pirandello, encenação de Jorge Silva Melo (Teatro Nacional D. Maria II); SEIS PERSONAGENS À PROCURA DE AUTOR de Luigi Pirandello, encenação de Jorge Silva Melo (Teatro Municipal São Luiz);); PARA CADA UM SUA VERDADE (Leitura) (TEIA TNDMII).
2022HOMEM DA FLOR NA BOCA de Luigi Pirandello, direcção António Simão (Antena 2 – Teatro Sem Fios).