O AMANTE DE NINGUÉM de Manuel Wiborg (a partir de Dostoievski)

O AMANTE DE NINGUÉM

O AMANTE DE NINGUÉM de Manuel Wiborg
Com
Manuel Wiborg e Sylvie Rocha Direcção técnica José Rui Silva Figurinos Rita Lopes Alves Fotografia Jorge Gonçalves Produção Helena Bragança Gil e Catarina Saraiva
Um projecto de Manuel Wiborg, Sylvie Rocha, Bruno Bravo (Américo Silva em 1999) e Canal Caveira (REF em 1999)

Estreia Antiga Fábrica Mundet do Seixal. (Seminário SEM DEUS NEM CHEFE 1), 3 de Outubro de 1998.
Caves do Liceu Camões em Abril de 1999.

O texto está publicado no volume Três Peças Breves (Edições Cotovia).

O texto de O Amante de Ninguém estruturou-se a partir de monólogos das personagens masculinas do Sonho de um Homem Ridículo e da Voz Subterrânea, a que se foram juntando alguns dos diálogos das Noites Brancas. Aquilo que agora aqui está é uma abordagem cénica ao jovem Dostoievski, às suas deambulações – realistas mas também oníricas – pelo labirinto da cidade, aos seus exaltados encontros e recuos, à irremediável solidão das suas personagens. Não se trata aqui de explorar o drama destes homens e mulheres dilacerados perante a incomensurável grandeza da vida, mas apenas indicá-lo, esboçar, apontar. É um espectáculo que tenta recuperar o gesto de quem folheia um livro mais do que aquele de quem nele se perde, noite fora, absorto. Aquilo que aqui se pede ao espectador é o olhar de quem passeia pela cidade velha, usufruindo do tempo dos encontros e da visão das fachadas das casas, da passagem da luz sobre os prédios.
Manuel Wiborg

Manuel Wiborg, Américo Silva e Sylvie Rocha realizaram um trabalho exemplar, na organização dos discursos, do movimento, e na articulação com o notável trabalho sonoro da banda REF.
João Carneiro
Expresso, Maio 1999