O CARACAL de Judith Herzberg

O Caracal

O Caracal (De Caracal) de Judith Herzberg
Tradução Lut Caenen e Filipe Ferrer Com Sofia Aparício Cenografia e figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Som André Pires Encenação Alberto Seixas Santos assistido por Pedro Marques e Andreia Bento

Estreia Teatro Taborda, 11 de Dezembro de 2003

O texto está publicado na Revista nº 3 dos Artistas Unidos.

caracal_aUma mulher fala ao telefone. Sozinha. Em casa. Compulsivamente, constrói à volta do seu deserto de solidão uma teia de relações: a sua amiga médium que a convida para passar a passagem do ano em casa dela; a irmã que quer passar a passagem do ano em sua casa com o amante, o amigo cabeleireiro, um desconhecido, o ex-namorado, até a própria mãe que já morreu… esta intricada rede de ligações mascara o desespero da espera. Ela espera pela tal chamada. Pela tal pessoa. Por quem se apaixonou há um ano. Mas nesse desespero esta mulher irá encontrar uma esperança. Ela quebrará com o seu passado, com o caracal (o estranho animal doméstico que partilha com o ex-namorado), e sentar-se-á esperançosa na sua espera, no sofá, a ouvir o telefone tocar. Será a tal chamada?

“Tens mesmo tempo? É uma história comprida.Apaixonada pela primeira vez, há um ano.Casado claro. Casamento falhado etc. Ficou louco por mim, imediatamente, quer divorciar-se, promete, suplica, etc. Eu digo: não, nada disso, se daqui a um ano estiveres divorciado, telefona-me, entretanto nada de contactos. Nada de nos vermos, nada de telefonemas, nada de cartas. Isto foi há um ano e por isso agora passo a vida colada ao telefone.”
Judith Herzberg, O CARACAL (1987)